tag:blogger.com,1999:blog-2869333338242568162024-03-06T16:04:16.443-03:00Peixe na águaPrimeiro você escreve algumas palavras, depois vai colocando uma atrás da outra... É tudo muito natural, peixes no lugar certo. Talvez você não passe muito tempo aqui, talvez volte mais tarde, saiba que é bem-vindo. Os textos sem ninguém para lê-los morrem, e não há morte mais lamentável que a morte do que não foi lido. Textos na água.Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.comBlogger48125tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-87081720807899051952014-02-10T10:40:00.002-02:002014-02-10T10:42:13.697-02:00Bom dia, barata!<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Hoje eu encontrei uma barata morta na cozinha. "Deve ter morrido de calor", foi o que pensei. Impressionante como minha voz interior é capaz de fazer piadas. Sabe, é que eu mesma havia pensado há pouco se poderia desfalecer ou mesmo falecer em breve sendo calor a causa mortis. Sei também que as baratas são resistentes ao calor, mas não posso conceber sua morte natural. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"><br style="color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;" /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">De volta à nada bela surpresa que encontrara na cozinha, sabia que tinha de me livrar do corpo, mas não podia fazê-lo sem trocar de roupa. É intimidade demais desovar uma barata de pijamas. Então, seguindo uma lógica própria e muito particular, troquei-me para chegar ao cadáver. Empunhei uma vassoura e uma pá. Pá em punho, afastei meu braço o máximo possível de meu corpo, esticando o membro apavorada, temendo que a criatura pudesse despertar e sair de sua posição clássica de barata falecida, como que imitando uma múmia. Livrei-me do feio do mundo, jogando-o no lixo. E só agora podia eu viver.</span></div>
Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-74500268725808793042013-10-10T23:20:00.001-03:002013-10-10T23:26:19.920-03:00O que os professores querem<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Dia do professor no Brasil</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"> Gosto
de pensar que grande parte da população brasileira sabe, em teoria, o valor e a
responsabilidade dos professores como classe trabalhadora. Vejo a participação
das pessoas nas redes sociais, que fervorosamente defendem nossa classe, eles
dizem: “todo o médico precisa de um professor”, “o professor é o profissional
mais importante que existe”, e a lista continua. Entretanto, em todos os níveis
sociais -formados de cidadãos que precisam e dependem enormemente desses
profissionais- vejo o profissional de educação ser diminuído e menosprezado. Às
vezes intencionalmente, às vezes ideologicamente, acidentalmente. Na própria
frase a respeito do médico mora uma crença naturalizada de que o médico tem
mais status social que o professor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"> Primeiramente,
tive de ouvir: “todo mundo sabe que professor ganha pouco, portanto, se você
quer ser professor, tem de se conformar com um salário baixo”. Depois vi colegas professores dizendo que não
encorajam seus filhos a seguirem o mesmo caminho. Durante um estágio obrigatório
na faculdade, ouvi professores que almejavam desesperadamente sua
aposentadoria. Tinham desistido da educação pública brasileira. É claro que
sim. Quem pode julgá-los?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"> Em
contrapartida, há o discurso romântico, daqueles que orgulhosamente exclamam: “o
professor trabalha por amor”, “tem que ter dom para ser professor”, etc. A esse
respeito, minha humilde opinião é que ambos os discursos nos diminuem e
atrapalham. Primeiramente, pasmem: o professor é um profissional tão importante
quanto qualquer outro. Tão indispensável quanto o menosprezado gari quanto os
portadores de alto status social tais como engenheiros, médicos, advogados.
Alguns discordarão disso, porém vejo a sociedade como uma rede de pessoas que
precisam umas das outras, e, através dessa perspectiva, todas as profissões são
indispensáveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"> Quando
as pessoas insinuam: “nossa, uma moça tão brilhante, poderia ter sido qualquer
coisa, foi escolher logo ser professora” sinto uma piedade da qual não
compartilho. O professor não é um coitado. Não tenham pena de nós. Lutem por
nós. Tivemos a coragem de escolher fazer o que queríamos. Acreditamos.
Obviamente, há exceções. Muitos se acomodaram e, como em qualquer classe,
muitos odeiam o que fazem. Mas gosto de pensar nos professores como
profissionais que aspiram por um país melhor e querem fazer parte dessa
mudança. Não queremos fazer caridade. Queremos condições de trabalho. Trabalhar
sem medo de nossos alunos, trabalhar com um número que nos possibilite
memorizar os seus nomes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"> Recentemente,
ao estudar para um concurso público, reli alguns textos pedagógicos sobre o
professor no Brasil e quais são suas responsabilidades sociais. Muitos não
sabem, mas, além de dominar os conhecimentos específicos, há o papel social do
professor enquanto estimulador e figura responsável por criar oportunidades
para a formação de cidadãos, seres críticos e pensantes. Amigos, essa é uma
responsabilidade enorme! O professor é cobrado como psicólogo, como fonte
segura de informação, como exemplo social, como apresentador do mundo, como “tradutor”
da realidade. E enquanto eu lia, eu pensava: “caramba, por todas essas funções é
só isso que eles vão me pagar?”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"> O
professor não trabalha por dom. Existem técnicas para que ocorra a
aprendizagem, para isso fizemos faculdade. Sim, há aptidão para o cargo, assim
como o há para vendedores ou pedreiros. Professor não faz milagre. Precisamos
de estrutura, de respeito, de condições de trabalho e de uma lei que nos
proteja. Precisamos de pais que digam a seus filhos que nos respeitem, porque,
sim, nós somos empregados, mas isso nunca deveria significar que não merecemos
o mesmo respeito e cordialidade quanto qualquer outra pessoa. Hoje os pais
dizem aos filhos que eles nos pagam e isso de alguma forma distorcida os dá o
direito de nos desrespeitar. Eles, que nos pagam, o fazem pelo que temos a
oferecer, e deveriam valorizar nosso trabalho. Esse é um problema enorme, que
vai muito além da relação professor aluno, tendo a ver com as atribuições de
valor em nossa sociedade. A educação tornou-se um produto, como se não fosse
fundamental para a vida em comunidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"> Precisamos
de uma escola que tenha regras reais que ofereçam respaldo e proteção aos professores.
Tenho colegas que saíram de sala de aula chorando, que foram ameaçados de
morte, vi vídeos de professores apanhando, de profissionais que passaram por
situações degradantes. Quando colegas meus dizem que não recomendam a profissão
a seus filhos, eu entendo perfeitamente. Não devemos deixar o trabalho nos envelhecer,
nos torturar. No entanto, para mudar essa situação precisamos de pessoas
brilhantes, pessoas que poderiam ter escolhido qualquer coisa e não por serem
heróis ou caridosos, mas por acreditarem em futuro melhor, tenham escolhido a
educação. Não podemos acreditar em utopias, mas tampouco podemos desistir da
causa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Todos supostamente
sabem como é importante ter profissionais de qualidade na educação. Porém, ao
anunciar que sou professora, recebo condolências. Um discurso marcado por
preconceito e falta de esperança. Às vezes, confesso que me pego pensando se
seria mais satisfeita em outra profissão. Não porque não goste do que faço, mas
pela falta de reconhecimento que nós temos. Por esse maldito discurso que
sugere que ser professor é uma escolha estúpida. Se depender do senso comum, a
classe entra em extinção. Se entrasse, talvez as pessoas percebessem nossa
importância, e talvez nos oferecessem condições de trabalho melhores, turmas
menores, salários maiores. <o:p></o:p>Tenho esperança de que um dia, quando disser que sou professora as pessoas digam, com sinceridade: “que bacana!” em vez de “sinto muito”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Podemos dizer
que o professor trabalha com amor, mas não trabalha por amor. A escolha da preposição
faz toda a diferença. Não trabalhamos por caridade. Vendemos nossa força de
trabalho como quaisquer outros profissionais e devemos ser pagos de acordo com
as responsabilidades que nos cabem. Queremos sim comprar livros, mas tanto para
lazer quanto para estudo. Queremos ir ao cinema, queremos ter uma vida digna,
um salário digno. Nada que desequilibre a distribuição de renda nacional, um
salário com o qual possamos viver sem muitas preocupações. Que nos pague alguns
luxos ocasionais. Queremos o que todos deveriam ter. O gari e o médico.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">O ano de 2013
para mim se apresentou com um ano surpreendente. As redes sociais, os holofotes
sobre o Brasil, o aumento de renda dos brasileiros e quem sabe o que mais, nos
proporcionaram uma população muito mais politizada, que sabe o que quer, que
procura saber para onde seus impostos vão, que colabora entre si e que está buscando
se informar melhor e reivindicar o que é seu por direito. Uma população que vai
para a rua, sem medo de um governo agressivo, desonesto e hipócrita. Uma galera
que está saturada de não ter nenhuma política pública de qualidade. Neste dia 15
de outubro, haverá uma manifestação pela educação. Para que no futuro, as
escolas públicas nas quais investimos nossos impostos possam servir a nossos
filhos com qualidade. Essa luta é de
todos nós, é minha, e por isso eu quero estar lá. Muda, Brasil!</span></div>
Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-21144049332154848172013-05-31T11:42:00.002-03:002013-05-31T23:25:43.591-03:00Yoga e eu<div class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="font-size: large;">União</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Esta é a história de como o Yoga me
encontrou. Em 2008 comecei a dar aulas de inglês e essa tem sido minha
profissão e parte de minha identidade desde então. Trabalhei em diversos
lugares e por isso conheci muitas pessoas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Em 2012, um dos alunos que tive a
oportunidade de conhecer disse que sua esposa precisava de aulas particulares.
Eu sabia que ela era professora de Yoga e havíamos mencionado a possibilidade
de escambo de aulas. Dei meu telefone e esperei pela ligação dela. Ela não
ligou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Apesar de sentir grande simpatia por
ele, não conhecia sua esposa e passou por minha cabeça que ela talvez não
estivesse interessada e que ele poderia estar pressionando-a contra sua
vontade. Na semana seguinte, ele me perguntou se ela havia ligado, e, quando eu
lhe respondi que não, pareceu decepcionado. O mesmo sucedeu por mais uma ou
duas semanas, e ele mencionou por alto que ela não ligaria e que seria melhor se
eu ligasse. Por sua insistência peguei o número e, creio que na mesma semana,
telefonei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Fiquei um pouco apreensiva, temia
que não houvesse afinidade entre nós. Quando atendeu e me apresentei ela foi
extremamente simpática e amigável. Combinamos um horário, concordamos em trocar
aulas e quando desligamos o telefone, senti uma vibração boa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Preparei sua primeira aula de acordo
com seus objetivos, com vocabulário e expressões que ela poderia usar dentro do
universo do Yoga. Tenho quase certeza de que incluí a palavra “knee”- joelho no
vocabulário da aula. Mal sabia que ela já havia lido diversos guias de anatomia
em inglês e sabia muito mais vocabulário que eu nessa área. Ela havia me falado
que seu inglês era básico. Um grande exagero de modéstia. Apesar disso, ela
repetiu o vocabulário humildemente, como se a palavra realmente fosse nova para
ela, ou se a pronúncia lhe fosse nova. Fui conhecendo seu potencial e suas
dificuldades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Não sabia exatamente o que esperar
da aula de Yoga. Não sabia o que era ou como era. Fiz uma pesquisa e até incluí
um vídeo em inglês na aula. (Ela detestou o vídeo pois a praticante estava,
segundo ela, completamente torta.) Ela colocava a mão no rosto e fazia caretas
como se assistisse a um filme de terror. Foi engraçado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Depois da aula de inglês foi a minha
vez. Ela me ensinou movimentos básicos que eram extremamente difíceis de executar.
Movimentos que eu nunca havia feito antes, como controlar e levantar os arcos
dos pés, por exemplo. E, em pé, parada, eu suava e segurava a respiração
tamanho o esforço que eu tinha de fazer para simplesmente alinhar meu corpo e
levantar os arcos dos pés.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Devo ressaltar que eu não era
sedentária mas estava lidando com músculos do meu corpo que ainda não conhecia,
não tinha intimidade e sequer considerava poder controlar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">No começo foi muito difícil. Lembro
de suar, sofrer e pensar que era muito chato ficar tentando acordar músculos e
mexer ossos e articulações que dormiam há anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Depois ficou mais difícil ainda.
Aparentemente, quanto maior seu controle sobre seu corpo, mais difíceis serão
as posturas que você terá de executar, não por serem posturas mais complexas,
mas porque você deverá fazê-las melhor que antes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Imagine que você deve sentar-se de
pernas cruzadas, com as palmas das mãos unidas em frente ao peito e fechar os
olhos. Simples, não? Talvez, mas se você está aprendendo Iyengar Yoga e sua professora
é uma perfeccionista viciada em alinhamento, vai ser bem mais complexo. Imagine
que você deve distribuir o peso do corpo sobre os ísquios, os ossos de apoio
que você nunca percebeu que tinha porque nunca sentou-se direito. Depois disso,
concentre-se em manter o sacro (um conjunto de vértebras fundidas a quem você
não havia sido apresentado antes) alinhado com a coluna lombar e as outras
colunas até o topo da cabeça. As escápulas devem ficar encaixadas, o pescoço alongado,
as costelas devem ficar perpendiculares ao chão, sem saltarem para fora. Tente
relaxar os olhos, os pés e não contrair nada. Esse esforço deverá trazer
relaxamento. Não se esqueça de respirar. Só que parece que quando você conserta
uma coisa, outra sai do lugar. Respirar é a última de suas preocupações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Como eu disse, vai ficando cada vez
mais difícil, mas o que muda é sua forma de encarar a dificuldade. Passei a ver
os desafios como necessários para a saúde do corpo, e passei a nutrir uma
grande vontade de evoluir na prática. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Yoga significa união e busca unir o
corpo, a mente e o espírito. A princípio, é realmente incrível como temos pouco controle sobre
alguns músculos, como se a mente e o corpo não se conhecessem apesar de morarem
na mesma casa. O Yoga os apresenta e os estimula a interagirem entre si,
criando oportunidades para que eles se ajudem a evoluir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Aprendi a ter paciência com meu
corpo e a compreender suas limitações. Comecei a buscar o equilíbrio entre se
esforçar para evoluir e a respeitar a necessidade de descanso. Hoje sei que preciso acordar meu corpo,
tirá-lo da zona de conforto, tolerar algumas dores para alongar músculos que
estavam quase atrofiados. Descobri que
meu corpo faz parte de minha personalidade e de quem sou. Que meus medos,
inseguranças e ego estão impressos na forma como me sento, ando e falo. E se
mudo a forma como me movo, mudo minha personalidade.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhow78cOb061BRy-Sdf1iGcMUn3wIKHnJcqTUyNDOW0MtnCwl65hyphenhyphenhTJRXLrPjWxdPiNXwlA6NjgcGiVtiKKn9mbgwnYjUSI7EurJjS1IXHwMtS47eHVR2Fku1APmZwA2ypf8PZ3CURzq4N/s1600/yoga.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><img border="0" height="257" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhow78cOb061BRy-Sdf1iGcMUn3wIKHnJcqTUyNDOW0MtnCwl65hyphenhyphenhTJRXLrPjWxdPiNXwlA6NjgcGiVtiKKn9mbgwnYjUSI7EurJjS1IXHwMtS47eHVR2Fku1APmZwA2ypf8PZ3CURzq4N/s320/yoga.jpg" width="320" /></span></a></div>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><o:p></o:p><br /></span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Algumas posturas nos assustam à
primeira vista. Tenho medo de ficar de cabeça para baixo, apoiada nas mãos e na
parede. Porém, quando me proponho a vencer meu medo, estou trabalhando a minha
coragem, minha capacidade de priorizar meu objetivo além do medo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Qual é a diferença entre o medo de
fazer uma postura difícil e o de enfrentar uma situação difícil? Muitas vezes não sabemos sequer o que nos
assusta de fato, e é importante confiar em si mesmo e se permitir arriscar-se.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Em algumas posturas, aprendemos a
manter os pés firmes no chão enquanto esticamos as mãos para o céu, buscando o
equilíbrio entre o céu e a terra, entre o que se tem e o que se quer, entre o
concreto e o abstrato.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Em todas as posturas que trabalham
um lado especifico do corpo, trabalha-se o outro lado da mesma forma, e isso
nos ajuda a ter paciência, experimentar a oposição e avaliar as diferenças e
dificuldades que cada lado apresenta, sem negligenciar um ou o outro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Há posturas em que olhamos para
cima, para os dois lados, para trás, para frente, para baixo, e há aquelas em
que estamos invertidos e precisamos reestabelecer todas as referências de onde estamos e do que estamos vendo. Em algumas
posturas ficamos em posição de imponência, coragem, força, em outras assumimos
posições humildes e submissas, e percebemos que para aprender qualquer coisa
precisamos nos aceitar como ignorantes e ter humildade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Há posturas que nos relaxam, que nos
transformam em pessoas mais flexíveis, mais abertas. Buscamos o equilíbrio, a
firmeza, o desapego, a entrega. Sobretudo, em quase todas as posturas, olhamos
para nós mesmos e analisamos o que estamos fazendo errado, o que precisamos
mudar em nós, como podemos evoluir, e, na prática, começamos a mudar: tentamos
ter o peito mais aberto, o olhar mais sereno, o corpo mais relaxado, a
musculatura menos dura, mais alinhada, mais equilibrada. Admitimos, de verdade,
que temos imperfeições e começamos a trabalhar nelas imediatamente. Buscamos
conhecer quem somos e nos dispomos a melhorar o que podemos com paciência,
gentileza e aos poucos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Sexta-feira, dia 5 de abril de 2013,
minha professora –que, depois de quase um ano se tornou minha amiga, minha mãe,
uma de minhas inspirações- resolveu abrir meus ombros e meu peito. Trabalhamos
arduamente, exigindo o máximo que eu podia pedir a meus ombros, ela comentara
que meus ombros eram muito fechados, que carregavam muito peso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Conforme eu ia abrindo os ombros ia
ficando vulnerável e pela primeira vez achei que minha professora estava sendo
cruel comigo. Comecei a ter várias impressões incoerentes como por exemplo, que
ela estava com raiva de mim. Fui ficando sensível e magoada, comecei a me abrir,
parei de me defender de tudo e, em Trikonasana (a postura do triângulo), quando
abri o ombro esquerdo pela centésima vez comecei a chorar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Não sabia porque estava chorando,
ela me abraçou por algum tempo e depois fizemos umas torções para que eu me
sentisse melhor. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Nos ombros carregamos o peso do
mundo, de nossas responsabilidades, e creio que algumas defesas. Ela me disse
que o caso mais comum era chorar com posturas que abrem bem o peito, pois no
peito ficam alojadas mágoas e angústias e que ela conhecia muitos professores, além
dela própria, que haviam chorado, geralmente quando a aula era intensa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Agora sei que chorei não porque abri
o peito, mas porque liberei os ombros. Chorei por deixar cair responsabilidades
e medos que sempre carreguei comigo, chorei porque o mundo é injusto demais e
ainda não consegui mudá-lo. A prática me ensina que esse peso é demais para mim
e que tudo bem se eu não carregá-lo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Por ser uma pessoa um tanto cética
sempre soube que jamais uma religião poderia me trazer paz interior e sempre
pensei nisso como uma infelicidade. Não sabia o que poderia me fazer evoluir,
me mudar, me trazer sabedoria e humildade, me ajudar a ponderar sobre o
verdadeiro valor das coisas, me ajudar a ser menos egoísta, a querer mudar. Acho
que Deus, meu Karma, o Universo ou o Destino sabiam e trouxeram para mim.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikeqHdH0tAPVbisrQdd8mKrM0U2eYP9zXsnhpaquwLoCpPH0jKfrq4B9Bb2j-ieU8PVTsOLo7Gb8UhwyTvCjsoMc_kT-hBtFM5mYFFVBgppZSduBE-gyjwV7_7pkU1oP-XNjR1D0DJ3JBH/s1600/IMG_7733.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikeqHdH0tAPVbisrQdd8mKrM0U2eYP9zXsnhpaquwLoCpPH0jKfrq4B9Bb2j-ieU8PVTsOLo7Gb8UhwyTvCjsoMc_kT-hBtFM5mYFFVBgppZSduBE-gyjwV7_7pkU1oP-XNjR1D0DJ3JBH/s200/IMG_7733.JPG" width="200" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">ponte de pés desalinhados</span></i></td></tr>
</tbody></table>
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Estou no começo do caminho, mas
tenho prestado atenção e tenho aprendido a praticar comigo a mesma gentileza
que ofereço àqueles que amo. Percebo que sou um grão de areia que, apesar do
tamanho, busca ser melhor para si e para o mundo, e foi assim que percebi que o
corpo, a mente e o espírito são uma coisa só. São acessíveis e podem mudar.
Perguntei a um amigo (futuro médico) por que o corpo chora. Aparentemente,
chorar não tem uma função, é uma consequência, portanto concluo que é nosso corpo falando por nós, é
o que sentimos e o que pensamos transbordando para o plano físico.</span><o:p></o:p></span></div>
Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-55513374369406122112013-03-19T00:06:00.001-03:002013-03-19T00:06:12.848-03:00Palavras boas para quem merece<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Era um bebê
de pele branca, grandes olhos escuros e cabelos muito negros. Um guri de
sorriso sem dentes, que vinha fácil. Caras de indignação e mau humor às vezes
também se firmavam em sua tez expressiva. Sobrancelhas unidas, olhos
transbordantes. Transbordavam de alegria e tantas outras emoções efêmeras que
um bebê pode experimentar.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Depois foi
um garotinho engraçado, com dentes de leite arredondados, cabelinho penteado para
o lado e uniforme do flamengo. Os adultos tentavam fotografar enquanto chutava
a bola de futebol. Gritavam gol e celebravam, ele era o sorriso da casa, o pequeno
rei do jardim da avó, que se tornava gramado, e chinelos marcavam as traves de
um gol sem goleiro. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Cresceu
mais um pouco, e gostava de atenção e de brincar mais do que de brinquedos.
Gostava das pessoas, da tia, das primas que eram obrigadas a fazer tudo o que
ele queria, porque eram mais velhas. Reclamava e cobrava seu direito de rei da
casa, fazia queixa para a tia, dizia: “briga com elas que elas não querem
brincar comigo.” E ela brigava mesmo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Largou o
futebol e abraçou o videogame. Jogava Playstation e se gabava das habilidades
que o pai tinha no jogo. E quando alguém gostava de algum brinquedo ou jogo ele
oferecia: “Você quer? Eu te dou.” E muito jovem aprendeu a ser generoso sem
ninguém ensinar. Ensinava a generosidade a crianças mais velhas sem sequer
saber que tal virtude portava esse nome. Sem saber o que era ser virtuoso. Sem intenção
de reconhecimento. Se doava por amor. Por querer expressar amor. Por ter
nascido sabendo o que muitos passam a vida toda sem aprender: sabia que as
coisas materiais não tem valor algum. Sabia sem sabê-lo. Era inocente e livre
das correntes que nos prendem às coisas que se compram. Prendia-se aos que o
amavam. Mesmo sendo um menino, era muito nítido para ele de quem gostava e quem
queria por perto.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Crescia
mais e não gostava de ver ninguém chorando. Ia perguntar o que tinha
acontecido. Ficava ao lado. Segurava a mão quando lhe diziam que não era nada.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Gostava de
ficar com os primos mais velhos, gostava de piscina, de marco-polo, de bola, de
frescobol. Perguntava sobre coisas que não sabia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Adolesceu e
formava, aos poucos, as próprias opiniões. E, adolescente, passava a debater em
vez de perguntar. De tudo já sabia um pouco, e discordava de si mesmo de vez em
quando, o que é muito natural, é claro. Quando não podia ter o que queria,
abria mão do que já tinha para alegrar as pessoas que mais amava, como quando, no pa</span><span lang="PT-BR" style="font-size: 11pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">í</span></span><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">s do consumo, n</span></span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">ã</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">o conseguindo comprar seu desejado e</span><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">letr<span style="font-size: 11pt; line-height: 115%;">ô</span>ni</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">co, em vez de procurar outra coisa, usou o dinheiro que guardara para presentear seus companheiros de viagem à Disneyworld.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Jovem,
experimentava, questionava e ainda questiona. Erra, descobre, se defende, não erra,
acerta, quer, como todos, ser reconhecido. Tem uma visão um pouco diferente da
que tinha antes sobre as coisas materiais, mas é claro: na vida se aprende a não
se dar tudo o que se tem, caso contrário seria um santo ou um tonto, e pra falar a verdade ninguém
gosta de nenhum dos dois. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Espero que
ele sinta, sem racionalizar muito, que a felicidade está em amar e receber amor,
ter a atenção de quem se ama. Pertencer. Pertencer ao grupo de amigos da
escola, pertencer a uma família que daria a vida por ele, fazer parte da vida,
parte da foto, parte do churrasco, parte da festa de fim de ano, parte da festa
do colégio, do aniversário da prima, do casamento do padrinho, da vida do pai e
da mãe, mesmo que essas sejam vidas diferentes. Espero que ele saiba que
palavras são muito importantes, que retém muito poder. Poder de consolar, de
alegrar, de transmitir o que há de mais belo dentro de nós, assim como o que há
de mais sombrio. Felizmente, temos o direito de escolher não falar. No
entanto, não falar o que há de belo para ser dito pode ser um grande desperdício
de afeto.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Do perdão também
se faz a felicidade, e da capacidade de, antes de tudo, perdoar a si mesmo.
Somente errando se pode evoluir, se pode fazer uma escolha melhor, se pode
acertar. E para evoluir, devemos ser gentis com nós mesmos em relação aos nossos
erros. Talvez não pudéssemos fazer nada melhor no momento, talvez não soubéssemos
das consequências das nossas ações e por isso deixamos que elas reverberassem.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Gostaria
que ele pensasse um pouco em como é bom saber que fazemos falta em algum lugar.
Que as pessoas perguntam por nós, que queriam nos ver, que talvez pudéssemos somar
ou contribuir para a felicidade de alguém que sente por nós somente amor. Que
algumas palavras, sorrisos e principalmente a nossa presença faz diferença para
alguém.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Talvez esse
não seja um conselho dos melhores, talvez não seja sequer um que eu possa me
gabar de seguir mas gostaria de dizer a ele que nunca economize palavras boas
para aqueles que mais merecem. Especialmente para pessoas que se importam com sua felicidade. Palavras vem de
uma fonte que dura enquanto estivermos vivos, talvez durem até depois de nossa existência
e o que podemos fazer é escolher as melhores palavras para deixar no
mundo. Acho que as pessoas ao redor dessa pessoa maravilhosa que ele é talvez
mereçam mais palavras, e talvez palavras melhores.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlzFMLHCoGy1CofE6Nu0ioid3MQUbNA74vljq8yN3rkv2UGa7qKnhSyu9H9ceWtnK4YK4zW5UY_sTBOHq5_2sVkP2SoxU4baJGbSkCWWCWPpWcu3l2whDZVSjX5jcD3uypyxKIdOvUpOhP/s1600/luizinho.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlzFMLHCoGy1CofE6Nu0ioid3MQUbNA74vljq8yN3rkv2UGa7qKnhSyu9H9ceWtnK4YK4zW5UY_sTBOHq5_2sVkP2SoxU4baJGbSkCWWCWPpWcu3l2whDZVSjX5jcD3uypyxKIdOvUpOhP/s320/luizinho.jpg" width="320" /></a><span lang="PT-BR"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Ele tem um
enorme coração, e me orgulho muito de ter conhecido um guri assim, de ter sido
obrigada a brincar com ele, e de ter recebido inúmeras ofertas de brinquedos
que ele queria me dar e não aceitava para não me aproveitar de sua suposta inocência. Lembro de na época pensar que ele era bobo. Quando a boba era eu. </span><o:p></o:p></span></div>
Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-88919700757831353892012-10-12T15:13:00.002-03:002012-10-12T15:13:48.844-03:00O navio fantasma<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizBpHbZ_0Pg8zLGQiwF8ipcaDaOfrydltKaXlERattEXyLyqBxuJl3s88xcBIFg6UQjsMFqeG0GiKjxudeRx_hNPTEtCtX4KrCnaMJNKiJXRH1vf36QH8XBD6jgihQULHOxAapqL8J8EQ5/s1600/desenterrar.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizBpHbZ_0Pg8zLGQiwF8ipcaDaOfrydltKaXlERattEXyLyqBxuJl3s88xcBIFg6UQjsMFqeG0GiKjxudeRx_hNPTEtCtX4KrCnaMJNKiJXRH1vf36QH8XBD6jgihQULHOxAapqL8J8EQ5/s320/desenterrar.jpg" width="224" /></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Começo esse texto e me sinto um pouco perdida tanto tempo faz que não escrevo. No entanto me parece que não há mais nada que eu possa fazer.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De uma forma bastante misteriosa, hoje, enquanto arrumava e limpava meu quarto, retirei Nietzsche da estante. Um livro que ainda não li, como muitos que comprei e coloquei em fila. Compro livros muito mais rápido do que os leio. No primeiro capítulo deste livro, Nietzsche questiona a Verdade humana e a busca pela verdade. Por que buscamos a verdade? Sei que uns, mesmo confrontados com a verdade buscam a inverdade ou constroem a partir da primeira algo que a justifique ou impossibilite. Quando a verdade lhes é inconveniente, é claro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Me parece que a Verdade não existe. Como pessoas, podemos somente produzir nossas impressões de supostas verdades. No entanto não posso negar a existência de fatos. Fato é que acordei cedo mas fiquei na cama hoje até 11 horas da manhã. Fato é que nasci no Rio de Janeiro em 1989.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O questionamento de Nietzesche não é novo para mim, mas se encaixou perfeitamente em meu dia e por isso chamo nosso encontro de misterioso, e até de poético. "quem com ela sonha é um tolo" diz ele sobre o nascimento da vontade da verdade. Então por que perguntamos? Qual é o impulso que move alguém a tirar os pontos, abrir a ferida e ver o que há por baixo da pele cicatrizada de um corte antigo?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que leva mergulhadores à Naufrágios? Recentemente, presenciei uma exumação. Logicamente, foi uma exumação metafórica... Mas é incrível como alguns fatos que aconteceram há muito podem mudar toda a sua perspectiva e algumas opiniões quase cristalizadas. é como desenterrar um morto e somente durante a exumação descobrir que tinha dentes falsos. Segredos que o morto levara para o túmulo mas que havia compartilhado com o coveiro ante-mortem. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A ignorância é, realmente, uma benção? A exumação que presenciei mudou todo o meu momento presente, e talvez isso prove a importância não da verdade, mas da recuperação de fatos para a construção de minha verdade individual. Quando me questiono se eu realmente queria estar presente no evento, se precisava realmente ver o morto, a resposta me parece muito clara. Se eu não visse o morto, viveria uma verdade bonita mas falsa, e a falsidade nela jamais permitiria que me fosse de fato bela. Então retorno aos conceitos do que é verdadeiro e do que é fato. E me questiono também sobre as decisões que tomaria no presente para lidar com o que me sobrara do morto. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Obviamente, ver cadáveres não é uma experiência nada agradável e não posso recomendar o evento. Mas também jamais recomendaria àqueles que me são próximos a evitarem exumações ou conversas com coveiros. Exumações geram reflexões e mudanças são para aqueles que estão abertos à mudanças, a giros de 180°. Cadáveres podem ser extremamente desagradáveis e até vulgares.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvQZABsuTG8Lopr5XwpWVgQ40puKkk5qH2Qnw5gAsEnsNVlYDNe9CQ-YiyNRoMXD_zNy6bCA3M5Utk4lkXz3Ek7BnjjnJX63zEpL9SEREQiqECYTyKF5rmNV2qWXL9fohw24CRkyzI7KN8/s1600/zenith.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" height="120" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvQZABsuTG8Lopr5XwpWVgQ40puKkk5qH2Qnw5gAsEnsNVlYDNe9CQ-YiyNRoMXD_zNy6bCA3M5Utk4lkXz3Ek7BnjjnJX63zEpL9SEREQiqECYTyKF5rmNV2qWXL9fohw24CRkyzI7KN8/s320/zenith.jpg" title="ghost ship" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Talvez, da sua experiência mórbida só reste a vergonha de não ter sabido antes. </div>
Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-45133550585485437732011-12-10T16:57:00.001-02:002011-12-10T17:00:02.133-02:00Os olhos mais azuis do mundo<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5ZFRIEkiGnRATRXHH_xrAppxcwOwztXv3nbUgktcH-p1OKTdBpEVaRFKvlYPOOodh9ZFznBw-fATep7QG5KJs59stqCumtw8rDdWmX_wZzCf6yessIv4MRjqjdF9d_nMpPWGPf5RMS2nA/s1600/cris+mancuso.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" mda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5ZFRIEkiGnRATRXHH_xrAppxcwOwztXv3nbUgktcH-p1OKTdBpEVaRFKvlYPOOodh9ZFznBw-fATep7QG5KJs59stqCumtw8rDdWmX_wZzCf6yessIv4MRjqjdF9d_nMpPWGPf5RMS2nA/s1600/cris+mancuso.jpg" /></a>Hoje eu perdi uma amiga. Soube agora, pelo facebook, que Cris Mancuso faleceu. A princípio eu não acreditei, e liguei para o celular dela. Sua irmã atendeu e me disse que ela teve um infarto e foi cremada hoje pela manhã. Não sabia o que dizer, e disse que sentia muito, e eu sinto tanto...</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">A Cris era muito jovem. Era uma das pessoas mais generosas que já conheci. Ela era serena, ficava linda de cabelo curto e tinha os olhos mais azuis do mundo, com círculos azul-escuros em volta de suas íris azul-claras. Ela era minha amiga. Dessas amigas que te entendem completamente. Que conversam com você sobre tudo, que te dão apoio e cuja voz você sempre reconhece seja ela escrita ou pelo som. Que riem de você mesmo que te deixem com vergonha, por que sabem que você não vai se importar no final das contas.</div><div style="text-align: justify;">A Cris falava baixinho e era gentil sempre. E eu me lembro de como ela pronunciava as vogais. Como por exemplo o "ei" da palavra "peixe". </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">Ela adorava gastronomia, cozinhava muito bem. Sabia fazer bombons e ovos de chocolate. Uma vez ela fez pra mim. Lembro de como ela juntava as mãos quando estava nervosa, olhando para as unhas e franzindo a testa, lembro dela dirigindo, e lembro de como ela amava os gatos que tinha, e de como mexia no cabelo.</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">Ela adorava conversar, conversávamos horas e horas. E ela era tão especial. Uma pessoa que não conseguia jogar caixas de leite fora sem reciclar, uma pessoa que era tão doce, tão verdadeira... tão míope e engraçada. Ela era uma dama, uma pessoa sincera, de quem eu gosto muito. E dói demais a falta que ela vai fazer no meu futuro, os lugares em que ela não estará, as vezes em que não sairá comigo para um novo lugar (ou para um lugar antigo), as conversas que não teremos. Ela merecia coisas muito boas, talvez tão boas que esse mundo não possa oferecer a ela. Talvez por isso ela tenha tido que ir. Mas mesmo assim dói ter perdido essa amiga, essa mulher maravilhosa com quem cresci tanto, que me mostrou tanta coisa, com quem aprendi tanto. E ela era tão jovem e tão bonita, e hoje a beleza dela, sua voz, seus olhos, tudo ecoa dentro de mim, e é uma pena que o que sobrou da Cris esteja somente dentro de mim e das pessoas cujas vidas ela iluminou. Eu não mereço e não queria essa herança. Já perdi amigos, mas por futilidades e coisas que parecem estúpidas em um momento como esse. Essa é a primeira vez em que perco uma amiga tão próxima, tão íntima, para sempre. E como eu vou sentir a falta dela. Se ela estivesse aqui, brigaria comigo, me diria para parar logo com o drama, que estava tudo bem, e iria me abraçar consolar com sua voz tão baixinha e pequena "É, Lu... é fogo..." e é mesmo... Não existem palavras, só os ecos das palavras.</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">Vá com Deus, Cris, obrigada por tudo. Espero ter retribuído seu carinho ainda em vida, e de qualquer forma, nos veremos em breve. O tempo passa rápido. Vou cuidar para ir para um lugar tão lindo quanto o que você está agora, para que possamos conversar ainda muitas vezes. Você mudou quem eu era e foi um exemplo em muitas coisas. Eu me lembrarei de você sempre com todo o carinho. Eu te amei muito. Até.</div>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-80959541921717379162011-08-11T01:04:00.000-03:002011-08-11T01:04:37.257-03:00The taste of the (now) rotten fruit one did not try<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2XozPd9IL903qw6haaJVIxVRfxZPMz66IRA1kiqOSNdc9eGAMjE6ZAdTbJPvrzM8XDDdcArnAdIPRlu6jshABNZHr1qgWL8NTvcSmQC-ZSNMTTk64kIJqGko7u8wquji_tgBIi6LDrAy8/s1600/Glass-Apples-Wallpaper-fruit-2500605-1600-1200.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" naa="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2XozPd9IL903qw6haaJVIxVRfxZPMz66IRA1kiqOSNdc9eGAMjE6ZAdTbJPvrzM8XDDdcArnAdIPRlu6jshABNZHr1qgWL8NTvcSmQC-ZSNMTTk64kIJqGko7u8wquji_tgBIi6LDrAy8/s320/Glass-Apples-Wallpaper-fruit-2500605-1600-1200.jpg" width="320" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="color: #f1c232; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">It was a cloudy day and she was walking at her own pace. “No need to hurry. Not now.” She thought. It was pleasant to walk having trees around her. Her mind was floating back and forth between nothing and blurred thoughts she would not be able to remember even if she tried very hard. Forgetting what one thinks was hard, but do-able. Letting go of the pain, however, was impossible. She noticed a tree whose trunk was carved with dozens of names, maybe a hundred of them. Maybe more. She saw herself in that tree. She was the tree, carved with silent scars shaped as names of people who had been in her life once and forever on.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
<span style="color: #f1c232;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f1c232; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Her fingers touched one of the names. The writing was deep, quite visible and impossible to ignore. She felt sorry for the tree, as that name had been so mercilessly written on it. Illogically, she needed to let out one of the invisible names that had been carved into her core. She picked up a sharp stone and carved out of her the word “Nathan” on the trunk. As she had urged to be close to him for a more extensive time than what she could bare, her second instinct was to write her own name under it. Yet, something kept her from doing so. Instinctively, she walked towards a tree which stood right in front of the first one and there she wrote her name. Her name would watch Nathan’s from a distance, knowing she could never have him. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
<span style="color: #f1c232;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f1c232; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">“Why does life have to ache?” Life was painful. It was exhausting. There were many things left unsaid. Things Nathan could have done, words she wanted him to have heard. Their moment had blossomed and grown mature as a fruit does. It had also turned rotten for no one had chosen to pick the fruit up. No one had been brave enough to taste it, and that fruit’s flavor would never be felt. It would never have a second chance to be as sweet as it could have been. Maybe some fruits are meant to rotten. Maybe it is their fate. All that was left now was the memory of something that could have been sweet to taste.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
<span style="color: #f1c232;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f1c232; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">The fruit that is not chosen cannot complete its life circle. It dies from its rejection, it fails. Could a rotten fruit’s seed give life to a healthy one? Was love as fragile and ephemeral as she thought? All people were trees with invisible scars on them. A question that was constantly in her mind was if her name had been written on anyone as painfully as Nathan’s inscription had been to her. Did Nathan himself think of her?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
<span style="color: #f1c232;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #f1c232; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Life was aching. Trees grow taller but cannot escape their roots. She was a prisoner. All people were.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
<span style="color: #f1c232;"></span></span></div>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-51461332125574776172011-05-24T20:16:00.003-03:002011-05-24T20:24:03.691-03:00O bom, o mau e o humano<div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ele contava mais uma vez a mesma história, falava de como a vida era injusta e como ele era bom demais para passar pelas dificuldades que insistiam em persegui-lo. A mesa estava cheia de conhecidos e amigos, e ele, é claro, tinha toda a atenção. Quando teve a chance, ela o segurou pela mão e, com seus olhos estreitos e firmes e a voz calma que sempre anunciava perigo: "Não fala mais disso não, vamos falar de outras coisas agora, de coisas melhores." Ele entendeu muito mais do que ela disse.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="color: #c27ba0;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Dentro do ônibus, ele ouvia "Somewhere over the rainbow" e começou a fazer uma lista das melhores músicas suicidas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="color: #c27ba0;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ela chorava sozinha, e não conseguia erguer a própria cabeça para se olhar no espelho. Concluiu que sentia vergonha de não saber ser alguém que não fosse ela mesma.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="color: #c27ba0;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">De longe , ela os vê abraçados e sabe que eles se amam, ela senta, a cabeça baixa, e se pergunta o motivo de várias coisas. Seu ceticismo fracassa e ela tem que admitir, pela primeira vez, que não controla o que sente. Um amigo a vê, ele sabe o que foi, ele também viu. Eles não precisam se falar. Ele a empurra para o lado com o ombro e ela sorri por que sabe que ele não quer vê-la chorar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="color: #c27ba0;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ele tem muito para dizer mas não diz.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="color: #c27ba0;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ela acha que aquele poema era pra ela. A música era pra ele.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="color: #c27ba0;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Um dia ele a olha sorrindo e diz: "Acho que naquela época você salvou nossa amizade."</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="color: #c27ba0;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ela pede desculpas pelo erro. A outra diz que precisa de tempo. Depois do tempo nunca mais seriam amigas e nunca mais foram. Ela acha que era pra ser assim mesmo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="color: #c27ba0;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">"Você é uma melhores e mais generosas pessoas que já conheci." Ela disse. A outra sorriu.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="color: #c27ba0;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ele dissera que tentava não ficar chateado com ela, mas que era difícil. Doera ouvir, mas foi o que os salvou pela primeira vez. Ela sabia crescer.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="color: #c27ba0;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ela o vê e fica tão feliz que o abraça. Depois percebe que não podia. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="color: #c27ba0;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Quando abre a pasta e tira as folhas sente o cheiro do perfume dela. Tem medo de aspirar demais e esgotá-lo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="color: #c27ba0;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Olha para a irmã e não se vê. Alguns minutos depois a ouve falar, e encontra a si na fala.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="color: #c27ba0;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ele diz que a ama. Ela sabe, ela vê. Percebe que crer é acreditar sem provas, e que amar precisa ser um pouco disso.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="color: #c27ba0;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Vê fotos e se emociona. Haviam criado laços de amizade depois de adultos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="color: #c27ba0;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Eles não sabem o que está acontecendo de verdade, mas insistem em criar hipóteses.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="color: #c27ba0;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">A proximidade é extremamente perigosa para ela, que se pergunta o motivo de estar mais perto do que nunca.</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ela pede para ele mentir e ele não mente porque sabe que a verdade pode causar muito mais dano.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
<span style="color: #c27ba0;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #c27ba0; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Eles dançam num lugar em chamas. Eles vão perder os sentidos.</span></div>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-90231484544037387082011-02-18T12:46:00.001-02:002011-02-18T12:48:08.180-02:00Realidade<div style="text-align: justify;">Encontrei uma foto na internet em uma coleção de fotos que parecem ter sido editadas mas não foram. É uma garota deitada no céu. Ela é real. Penso em versões da realidade e lembro-me da minha qualidade pisciana de confundir os dois, digo, o real e o que parece real dependendo do ângulo. Outro dia fiz um desenho de uma pessoa que caía em um grande buraco com nome de realidade. Achei que era eu. Não sabia o que aconteceria quando o tempo concluísse a minha queda. As quedas são dolorosas tamanha a facilidade do sonho para mim. Eu nunca busquei ser assim. Somos o que somos. Estou pensando nisso. </div><br />
<br />
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3T4zj0HYviMocryYsAG4Uhi3cM8xmMAtbhz3KEnaiiw2ZM8AmdDo8dyRtU9VPw6xzKHiyw-O6yxbrcTTINbRMbINb6BdgS1m-vs2y-J__DWooQe4-djp8Z25KFoDD8gpkeRm3RbsDguU9/s1600/falling-up+nikki+jane.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="292" j6="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3T4zj0HYviMocryYsAG4Uhi3cM8xmMAtbhz3KEnaiiw2ZM8AmdDo8dyRtU9VPw6xzKHiyw-O6yxbrcTTINbRMbINb6BdgS1m-vs2y-J__DWooQe4-djp8Z25KFoDD8gpkeRm3RbsDguU9/s320/falling-up+nikki+jane.jpg" width="320" /></a></div>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-19168253640549001742011-02-12T11:33:00.001-02:002013-05-31T22:43:18.387-03:00Saliva e Sangue<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiuNewLm-mDev0KiopEjkpkWGAYUTAoQUQM_Hb9VKgkgBxoaYSLthV1udindZgMc5t2BKaJqwQS3bKkciOAkz3OfcqIiIlP69VXJm7cqgeEJLgbCq3Un3eTl1bCaVlXOIl4C0ofRhSOm6F/s1600/Blood_and_Water_by_curi0us_bLasphemy.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" h5="true" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiuNewLm-mDev0KiopEjkpkWGAYUTAoQUQM_Hb9VKgkgBxoaYSLthV1udindZgMc5t2BKaJqwQS3bKkciOAkz3OfcqIiIlP69VXJm7cqgeEJLgbCq3Un3eTl1bCaVlXOIl4C0ofRhSOm6F/s200/Blood_and_Water_by_curi0us_bLasphemy.jpg" width="151" /></a><span style="color: #f4cccc; font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><em>Começou com uma seringa. Nem chegou a doer, só sentiu umas picadas agudas. Depois de alguns minutos não sentia mais dor alguma, não sentia mais a pele, partes dela adormeciam como se mortas. Apesar do entorpecimento, sentia o peso, a força e a vibração das coisas. </em></span></div>
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><em>Deixou os olhos bem abertos, olhava para a luz e tentava ver a si mesma no reflexo dos olhos que a olhavam. Sentia a própria pele sendo cortada e o sangue vazando como água que sai de calhas em chuva furiosa. Nada podia fazer. Suas mãos pesavam e apesar de todos os seus instintos nada fazia. Uma mulher sugava o sangue com um tubo pequeno e a outra a empurrava com diversos objetos que ela não conseguia identificar, mas sabia que era com muita força. "Isso vai doer quando a anestesia passar." </em></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><em>A médica usava as mãos para manter sua boca aberta, e depois de muito abrir e mexer, pegou um alicate. Ela sentiu o alicate segurar o dente e fechou um pouco a boca como a Dra. mandara através da máscara. A mulher então segurou o alicate e o forçou para baixo como quem abre a maçaneta de uma porta. Ouviu algo quebrar, e junto ao som veio a indomável sensação de que havia algo errado. Fechou os olhos, respirou pelo nariz "lembre-se de respirar, você não está respirando" disse a si mesma. A Dra. garantiu que não havia sido nada, era só o esmalte. A raiz estava intacta. </em></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><em>A médica pediu ajuda à outra para abrir mais um pouco a gengiva e por isso ela visualizou uma grande abertura na própria boca. Sentia a saliva, a água e o sangue e tentou não engolir. Constantemente pensava que aquilo podia ser um tipo de tortura. Mais cortes, mais água, mais saliva e sangue, e enfim ela disse que não havia mais dente. Tinha acabado. Ela sentiu algo na boca, uma sensação exata de que seu enorme dente desenraizado estava pendurado por alguma pele na gengiva, olhou para a médica com olhos desconfiados, certa de que o dente estava lá, então a médica lhe mostrou o dente extraído, pedaços de gengiva cor-de-rosa ainda pendurados, quando sentiu de novo algo pendurado na boca, e instintivamente colocou a mão.</em></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><em> Expirou em alívio ao sentir que nada mais era além do tubo que lhe sugava o sangue. A médica pegou uma longa agulha como nunca tinha visto e uma grossa linha preta. Não tinha acabado afinal. E não parecia que acabaria. Sentiu a gaze áspera na gengiva e na lateral da língua e era tudo muito desagradável, não sentia a agulha, mas observava a médica puxar e recolocar a linha incontáveis vezes. A médica lhe deu um algodão para morder. "A cirurgia foi ótima."-foi o que ela disse. Mas a paciente não podia rir do absurdo.</em></span></div>
Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-53547824837905848392011-01-05T10:43:00.000-02:002011-01-05T10:43:36.380-02:00Eu não quero esquecer disso<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">São Gonçalo, 4 de janeiro de 2011. Era uma terça feira de chuviscos e céu cinza, e eu havia decidido ir ao mercado -aonde eu nunca vou- por que decidira melhorar definitivamente minha alimentação. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Voltando do mercado e me concentrando no peso das compras eu tinha esquecido da falta de rumo que havia me atormentado nos dias anteriores. Eu não havia me sentido completa em lugar nenhum, e aonde quer que eu fosse, não conseguia fugir de mim mesma. Meu maior fardo. As compras haviam conseguido afastar o pensamento e a falta de lar temporariamente. Sei que preciso encontrar meu lugar dentro de mim, mas nos últimos dias o meu interior era o lugar que eu mais queria evitar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ouvi um suspiro de cansaço ao meu lado e achei que era alguém da faculdade, dado o bairro no qual eu me encontrava. Olhei para o lado e uma mulher que eu jamais havia visto se desculpou, perguntando se me havia assustado. Respondi que não, que achava que o suspiro teria vindo de alguém conhecido, ao que ela, bem humorada, disse que não havia problema, que poderíamos nos conhecer. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Caminhávamos na mesma direção e fomos andando juntas enquanto ela falava das coisas que precisava fazer. Disse que ia resolver um problema com o namorado. Eu fiquei espantada com o tópico, achei que falaríamos de futilidades, mas em alguns minutos ela me contou a história de seu reencontro com seu amigo de infância, que ela não via há 30 anos e cujo sorriso era a única coisa da qual se lembrava. Me perguntou se eu tinha religião, o que é um ponto complicado para mim -o dom de acreditar, de crer não é uma virtude da qual eu possa me orgulhar- eu disse que não, e ela me disse ser espírita, o que me agradou. As pessoas que seguem o espiritismo me parecem muito equilibradas, e ela me disse que tinha total certeza de que esse homem era sua alma gêmea, disse que a alma gêmea é alguém com quem nos encontramos em várias vidas, que só existe uma e que pode demorar várias encarnações até que encontremos novamente essa pessoa. E se não estivermos prontos em uma vida, voltaremos em outra para aprender até que estejamos prontos para encontrá-la. Acho isso lindo. Eu já estava familiarizada com o conceito, mas foi interessante ouvir sobre o destino da forma que ela colocou. Nada é por acaso, ela me disse, afinal ela havia reencontrado esse homem agora, justamente quando pedira a Deus que acabasse com sua solidão e que quando Ele mandasse o homem certo lhe enviasse também um sinal. Ao ver o homem, ela havia tido taquicardia e quase desmaiado, e brincou que na próxima pediria a Ele para “pegar leve no sinal”. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ela disse que não era mais adolescente para tremer e ter o coração disparando quando via alguém, e estranhamente eu sabia exatamente do que ela estava falando. Não acredito em muitas coisas, mas impedir manifestações exageradas de meus batimentos cardíacos tem estado fora do meu alcance há algum tempo. Ela disse ter 48 anos e se chamar Sandra, disse que morava algumas ruas mais a frente. Ela tinha enormes olhos azuis e um bom humor notável. Havíamos parado em frete a vila aonde eu morava para que ela pudesse terminar a história. Perguntou meu nome e o elogiou, quando nos despedimos eu desejei a ela e ao seu relacionamento profético tudo de bom, e desejei dentro de mim, de coração, que ela fosse muito feliz.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Talvez a quisesse bem porque soubesse que não a veria de novo. O fato é que me sentia imensamente grata pelo lirismo que ela despejara em meu dia chuvoso. Eu via as cores e todos os belos tons de cinza ao redor porque uma desconhecida se abriu para mim e falou de amor. Quando nos despedimos ela disse que 2011 seria um ano muito bom para mim “Você vai conquistar muita coisa”, foram suas palavras. Ela falava como se soubesse, como se tivesse visto acontecer, e apesar da minha dificuldade em crer eu acreditei. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-82300804286118275952010-12-19T12:00:00.004-02:002010-12-19T15:32:03.161-02:00O maior Natal do Brasil<div style="text-align: left;"><em><span lang="PT-BR" style="font-family: "Times", "serif"; mso-ansi-language: PT-BR;">Primeiro gostaria de agradecer à minha amiga Beatriz Cecchetti pela inspiração, confiança e permissão para escrever esse conto. Eu me sinto realmente privilegiada por ter pessoas tão autênticas em minha vida. Obrigada, Bia.</span></em><br />
<br />
</div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">O maior Natal do Brasil</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">“Com licença, o senhor sabe me dizer o preço desse ventilador?”- Ela perguntou ao homem que estava atrás do balcão.- “Ah, a senhora se incomoda em checar o preço na máquina? Eu preciso terminar isso aqui pra ontem.” - Respondeu ele enquanto cortava códigos de barras. Ela não queria se deixar irritar. Levou a caixa do ventilador até a máquina e fez isso diversas vezes para comparar os preços de diferentes ventiladores. Escolheu o produto que queria e levou-o até um outro balcão onde estava uma mulher com o uniforme da loja. Colocou o ventilador sobre o balcão e olhou para a mulher com expectativa. A mulher a olhou com as sobrancelhas erguidas, empurrou a caixa de papelão com as pontas dos dedos de modo que ela se moveu em direção à cliente e disse: “Eu não sou caixa não.” Seu uniforme tinha um crachá de gerente. Irritada, ela pegou a caixa e procurou forças para se desculpar. A mulher complementou: “Tem caixa ali, ó!” E apontou a direção com o queixo. Ela agradeceu pela ajuda e levou o ventilador ao caixa que era caixa de fato.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Seu ventilador era o último da loja e a caixa estava aberta. O homem pegou um grande rolo de fita adesiva para fechá-la e tentou descolar a ponta da fita adesiva do rolo com as unhas. Foi então que percebeu que ele quase não tinha unhas. Seu dedos tinham as pontas redondas e as unhas eram roídas até o que seria metade do tamanho normal. Ele arrastou a cabeça do dedo indicador no rolo de fita mas não conseguiu descolá-la. Tentou mais duas vezes fazendo força com o dedo mas a fita se recusava a descolar do rolo. Resolveu tentar descolar a fita com o dedo médio, mas sua unha era igualmente curta e débil, inofensiva à fita. Ela respirava lentamente, esperando. Em volta, a loja era nova e havia uma grande pilha de bonecas Barbie do seu lado direito e uma de laptops da Xuxa do lado esquerdo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Depois de algum tempo, ela não sabia ao certo quanto, o funcionário conseguiu lacrar a caixa e lhe disse o preço. Deu o dinheiro, ao que o funcionário perguntou se poderia ficar lhe devendo dois centavos. Ela respondeu que sim, abaixando e levantando a cabeça lentamente, os olhos estreitos como quem sente um sono irremediável, sobrancelhas erguidas e testa franzida para expressar sua total despreocupação. Ele lhe entregou a nota fiscal e pôs o produto em uma sacola. Ela pegou o saco, colocou-o no chão, deu um passo para trás, olhou as pilhas de brinquedos e abriu os braços em um movimento exato. Caíram caixas e mais caixas cor-de-rosa pelo chão da loja.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">O barulho era caótico e ela olhava o homem no caixa com serenidade: sem piscar, o rosto tranquilo. Os funcionários e outros clientes olhavam mas ela havia encontrado algo valioso no caos. Não se incomodou. Silêncio. Os funcionários da loja olhavam para a gerente esperando por alguma reação, qualquer que fosse. Ela olhou a mulher e disse “Obrigada!” com visível irritação. Ao que a outra respondeu: “Que é isso, amor! Obrigada a você, pelo atendimento!”</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Quando saiu da loja já não era mais a mesma mulher que era quando entrara, ou talvez tivesse somente mais autoconhecimento.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-53972293105908453732010-08-22T18:04:00.000-03:002010-08-22T18:04:00.311-03:00Os pombos, tais como aquele rato ruivo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDue57WvcIAznIcsBvfrd2lkJSyNF_O4t-Qpwuac69ybGoc7FyOmMN19ImtnWqkkTMOIAtIvXrJnKA3Y5Vr902fDS4Fol5nYtBo_ZX0pjiXE69KNo9LEe7utzqmPEMlI3SnN1E_w90xumY/s1600/pombo.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 249px; FLOAT: left; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5508294139721937490" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDue57WvcIAznIcsBvfrd2lkJSyNF_O4t-Qpwuac69ybGoc7FyOmMN19ImtnWqkkTMOIAtIvXrJnKA3Y5Vr902fDS4Fol5nYtBo_ZX0pjiXE69KNo9LEe7utzqmPEMlI3SnN1E_w90xumY/s320/pombo.jpg" /></a><br /><br /><div align="justify">Andando pela rua vi pombos, quando lhes dei mais atenção percebi que um deles estava machucado, sua cabeça estava depenada em alguns pontos, deixando-o absurdamente asqueroso. Quis que o pombo não existisse. Quis não tê-lo nunca visto. Por que eu deveria ver um pombo careca e tão horrível? A feiúra do mundo me inquietou e incomodou, me senti violentada por ela. Seria mais fácil se o pombo não existisse. Mas acontece que ele existe, e me seria impossível amar realmente o mundo se eu não entendesse a existência do pombo. Penso em resoluções que preciso fazer e concluo que talvez e provavelmente eu seja para o pombo o que ele é para mim. Talvez eu ameace sua paisagem, eu, humana, sendo a minha existência absolutamente desagradável, sendo a minha raça a responsável pelo desequilíbrio do que um dia fora mais simples e melhor, menos sujo. Qual seria o habitat natural dos pombos? Que tipo de território deveriam os ancestrais dos pombos frequentar? Antes que criássemos a tão estimada "cidade"? Percebi uma urgência em questionar o que me faz pensar que o lugar aonde piso é meu e que o pombo é um intruso e não o contrário. Procurei imagens de pombos na internet para ilustrar o post. Não encontrei pombos asquerosos como eles ainda me parecem, encontrei pombos lindamente fotografados. O que me faz pensar que tudo é uma questão de perspectiva, qualquer coisa pode ser personagem principal. Encontrei também essa foto que me pareceu ilustrar o pombo como figura central e um homem em segundo plano. Imaginei o pombo como igual a mim, a questionar a existência do que nos é estranho. Depois ri, pensando no que o pombo poderia estar planejando. Não consegui saber de quem é a foto, estava em um outro blog de nome <em>zeb.blogs.sapo.pt</em>, então faço aqui a referência.</div><div align="justify">Estou pensando nos pombos.</div>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-11634307387373218642010-07-29T17:52:00.005-03:002010-07-29T18:36:32.451-03:00Pensamentos Recentes<div align="justify">Hoje vi uma mulher com dois peitos. Ora, mas é claro que eram dois! Quando voce diz a alguém que viu peitos, a pergunta que se faz é "Onde?" e nao "Quantos?"...</div><div align="justify">Mas digo que ela tinha dois devido à enorme diferença de tamanho entre eles, o que os individualizava, um era absurdamente grande e o outro era grande. Pensei que isso era normal, que toda mulher tem seios de tamanhos diferentes, mas aquela mulher, coitada...</div><div align="justify">Ouvi também uma frase que me fez pensar. Um homem disse: "Olha o tamanho do Churros!"</div><div align="justify">Qual é o o singular da palavra churros? Todo mundo os chama de churros. Odeio churros. Eles sao bonitos, cobertos com canela e dourados, recheados de doce de leite ou chocolate. Da vontade de experimentar. Uma vez comprei um, odiei. Extremamente gorduroso, quente demais, doce demais, desagradavel mesmo. Comi até o final porque eu sou teimosa. Ou talvez por que eu tenha algum tipo de transtorno alimentar. Depois, outro dia, esqueci que nao gostava, eles sao tao bonitos... Comprei outro. Dessa vez de chocolate. Odiei mais ainda. Comi até o final. Cara, sério: transtorno alimentar!</div><div align="justify">Tenho passado muito tempo sozinha, e estou começando a me cansar da minha companhia, eu sou legal, ok... mas quero inovar, conversar com outras pessoas além de mim. Eu sempre concordo comigo e isso é chato. Mas tenho assistido a filmes novos, mais documentarios e tenho ficado meio desesperada com o mundo, o capitalismo, a manipulaçao das massas, o consumismo por si mesmo, a exploraçao e comercializaçao do meio ambiente e de valores antigos. Um aluno meu gravou dois documentarios para mim: SURPLUS e ZEITGEIST. Depois de Surplus eu queria quebrar tudo que representa o capitalismo e ir para um pais socialista comer so arroz e feijao todo o dia sem sentir o peso da fome dos pobres, da desigualdade social. Depois de ZEITGEIST eu queria simplesmente morrer. Sao otimos filmes. Recomendo.</div><div align="justify">Descobri que eu tinha um medo enorme de querer pouco da vida, de querer de menos. Mas hoje eu vejo como so o necessario é realmente essencial. Querer MENOS é ser mais independente, logicamente falando, precisar de menos é ser mais. Um exemplo tosco: um copo de agua de coco custa R$ 1,00, uma garrafa de 500ml custa R$3,00. Eu sempre optaria pela garrafa. Hoje comprei o copo. Por que foi que enfiaram na minha cabeça que "vale mais a pena comprar o maior"? Eu estava sozinha, so precisava de um copo para matar minha sede. Para que comprar a garrafa e desperdiçar ou guarda-la e deixa-la perder a frescura? Por que vamos a rodizios e comemos até passar mal? Da penultima vez que fui a um, comi muito mais do que o meu estomago queria deixar, passei mal, nao conseguia dormir e quando dormi tive pesadelos horriveis (tem tudo a ver, por sinal) e começo a me perguntar POR QUE temos a mentalidade do "dar prejuizo"? Por que sentimos que esse sistema se aproveita de nos, que nos explora, e essa é a nossa "vingança". Consumir até passar mal. Desde quando eu acreditei que MAIS era melhor? </div><div align="justify">Hoje eu percebo que nao é, e é tao injusto que sejamos tao instigados a consumir e comprar e comer e ainda caber nos malditos padroes de beleza. Por que eu tenho que ser alta e ter pernas longas e ser absurdamente magra e com um nariz desenhado a pincel? Para que alguem me VENDA uma cirurgia plastica. Meus amigos estavam me falando que ninguem deixa de gostar de ninguem por causa de celulites e estrias. Outra amiga me contou do cara na academia dela que malhava e tirava fotos de si mesmo. E eu nao consigo parar de pensar que isso esta errado. Mas ja passei da fase do "nao posso fazer nada, vou viver a minha vida" agora eu quero fazer alguma coisa a respeito. Quando eu descobrir, eu aviso.</div><div align="justify">;)</div>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-19692379032003255402010-05-22T14:34:00.008-03:002010-05-22T14:41:10.956-03:00Água<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRmdnrOHAcVtYxZEgxTQVk6UJ9IBM3krKcSw3-pP7YJTd7aATFmkf3Ib2ExuQ7qwVmLFR9u9xhAtbag__2G-S-pXdCACZ4lD-FuvmBnP71M04Oo4iHsJPwfb3JMoocvh6I8Dyyh4hupP5N/s1600/water.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 268px; FLOAT: left; HEIGHT: 160px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5474150374000494642" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRmdnrOHAcVtYxZEgxTQVk6UJ9IBM3krKcSw3-pP7YJTd7aATFmkf3Ib2ExuQ7qwVmLFR9u9xhAtbag__2G-S-pXdCACZ4lD-FuvmBnP71M04Oo4iHsJPwfb3JMoocvh6I8Dyyh4hupP5N/s320/water.jpg" /></a><br /><br /><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#66ffff;"><em>Tudo o que eu sinto é líquido. Líquido não fosse não transbordaria de mim como água salgada.</em></span></div><div align="left"></div>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-38048682978452592262010-05-18T19:50:00.007-03:002010-05-18T20:11:11.433-03:00Para vocês, amigos<div align="justify">Sabe, a leitura sempre me fez bem, e escrever é um grande exercício. Como diria meu grande amigo Guilherme Lopes, escrever é extrair algum efeito estético da feiúra dos nossos dias, note que estou parafraseando... Mas meus dias não são feios. Eles começam escuros às cinco da manhã quando acordo, rendem nas minhas manhãs em Niterói no trabalho, esquentam durante a tarde no sol implacável de São Gonça, descansam à noite, quando eu penso mais claramente. Sou noite. </div><div align="justify">Escrevo quando dá tempo e quando as palavras já se rebelam dentro de mim. Às vezes sinto vergonha porque o que eu escrevo é meu. Meu idioma, minha forma de juntar as palavras em sentenças e essas sempre em textos curtos. Sempre curtos. Um grande prazer é pegar um texto como Joana, por exemplo, não me reconhecer ali, ler frases que me agradam e pensar, "nossa, mas como isso soa bem, fui eu mesma que escrevi?" Claro que o texto me agrada. Ele fala minha língua.</div><div align="justify">Melhor ainda é ler textos como os de Gui Lopes, Raquel Fernandes, Thamiris Oliveira e pensar: "mas que coisa linda! Também eles falam a minha língua. Sentem o mundo como eu."</div><div align="justify">É importante cuidar de nossos textos, corrigi-los, como guardar brinquedos para que durem mais. Para que não percam o brilho. Aqui cito Sra. Fernandes, 2010. É importante escrever para nossos amigos, com o mesmo esmero que se faz um texto, com o mesmo carinho que se guarda o melhor brinquedo.</div><div align="justify">Faz tempo que quero escrever para meus amigos uma grande carta de agradecimento, por me fazerem lembrar o que existe de bom em mim. Eles me escrevem cartas. Eles me dão abraços, me perguntam sobre minhas angústias. Eles bebem comigo. </div><div align="justify">Obrigada, amigos.</div>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-6560403990937186252010-05-17T15:56:00.004-03:002010-05-17T16:15:01.285-03:00Death and all his friends...<span style="font-family:times new roman;color:#ff99ff;"><em>She said to me, very calmly: </em></span><br /><span style="font-family:times new roman;color:#ff99ff;"><em>"Feelings fade. They die, and so do people. The sun rises and it goes so high in the sky that it turns into nightfall."</em></span><br /><span style="font-family:times new roman;color:#ff99ff;"><em>"But, to try..." But she would not let me speak any further.</em></span><br /><span style="font-family:times new roman;color:#ff99ff;"><em>"Doing your best, even when that is all you can do, is not enough. You can not try to swim faster than water, you can't try to hold the sun up in the sky, it would burn you without any mercy. Because you are in it. You are in water, you cannot fight it, but you don't have to drown. And I know that you believed what you did would be enough... I mean, you did great, but you were not even close. I told you, girl. I know how smart you are. Do not believe in lies..."</em></span><br /><span style="font-family:times new roman;color:#ff99ff;"><em>"They were so sweet, so easy to believe in..."</em></span>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-71059738108302376102010-04-24T15:40:00.011-03:002010-04-24T19:59:48.810-03:00Adrenalina, medo, realidade e relatividade<div align="justify"><span style="font-family:arial;color:#999999;">Pedro de Carvalho, Méier, RJ. 5:30am.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:arial;color:#999999;">Estava andando até o ponto de ônibus para pegar o 232, pararia na frente do prédio em que morei durante os dez primeiros anos da minha vida. Pensei no perigo, mas é sábado. Os bandidos ainda devem estar dormindo, de folga. Hoje sonhei que quase tinha sido assaltada. Um homem tentou me abordar, mas o pessoal do taekwondo me salvou. Não pratico Taekwondo desde 2007, 2008. Estranho sonhar com eles. Nos meus sonhos eu sempre travo, fico em choque, a voz não sai... É bem ruim sonhar esse tipo de coisa. Enquanto caminhava mentalizei que nada aconteceria comigo. Um grupo de três pessoas me perguntou alguma coisa e continuei a andar, como na maioria das vezes faço. Depois de alguns segundos percebi que tinham me perguntado as horas. "São 5:35. Desculpa, eu não tinha ouvido, tô com sono..." E ri. Continuei andando até o ponto e eles agradeceram e disseram que já iam me xingar ou pensar mal de mim, sei lá. Porque eu não havia respondido. Andando para o ponto vi um cachorro enorme. Me perguntei o que era aquilo. Deveria ser um São Bernardo, me aproximei mais, o pêlo brilhava e era curto, o rabo era fino e vi que não era São Bernardo coisa nenhuma, era um porco. Um porco enorme, o que ele estava fazendo lá eu não sei. Sei que atravessou a rua e eu ri, porque achei engraçado o fato de a primeira vez de eu ter visto um porco adulto de verdade ter sido no meio da rua, na capital do Rio. Duas mulheres se aproximaram de mim. "Vamos sentar aqui e esperar o ônibus." Fiquei um pouco tensa, mas não me movi. "Você tem horas aí? Que horas são?" Essa das horas está ficando velha, na hora lembrei de um amigo da faculdade, o Felipe. Ele é um doce de pessoa, super educado, e me contou que uma vez perguntara as horas para uma mulher na rua, e ela começara a correr. Eu ri muito. Agora não era engraçado. "São 5:40." Eu respondi, seca. "Chega aqui perto de mim pra eu ver as horas no seu relógio." Enquanto falou tinha um olhar de algo que eu não via há muito tempo. Talvez nunca tivesse visto antes. "Não, eu tô muito bem aqui, são 5:40." Ela estava a um metro de mim, reparei que não carregava nada consigo. A outra mulher não falava nada, nem lembro de seu rosto. Na verdade, esqueci todos os rostos que vi nessa manhã. Ela insistiu. "Vem aqui pra eu ver as horas..." Eu tinha que pegar o ônibus para ir pro trabalho, pensei em esperar naquele mesmo ponto. Só sabia de mais um ponto de ônibus, e então eu sinceramente não me lembro o que foi. Se foi uma voz, um impluso, uma outra coisa. "Corre." Eu saí correndo. Corria pela Pedro de Carvalho e pensei em voltar pra casa, mas não teria tempo de abrir o portão antes que elas me alcançassem... Não! Eu tenho que ir pro trabalho! Os pensamentos voavam pela minha cabeça, eu não sabia se elas estavam vindo atrás de mim, eu não tinha coragem de olhar para trás. Havia pouquíssimas pessoas na rua, e elas não sabiam porque eu estava correndo. Corri até que minhas pernas começaram a doer e eu desacelerei. Começei a andar num ritmo ainda rápido, quase chorando, completamente tensa, mal conseguia respirar. Andei assim por algum tempo. Ouvi passos, olhei para trás e uma delas vinha atrás de mim correndo, segurei a mochila com força e corri, começei a gritar e saiu da minha garganta uma voz que eu não conheci, era rouca, completamente distorcida e arranhava a minha garganta e me assustava, eu gritava "socorro", eu nunca havia gritado essa palavra na minha vida, e o que ela significa afinal? Ninguém veio. Aquele porco era um mau agouro. Eu gritava por socorro, gritava por puro desespero, daqueles bem fortes, puro, antes de refinar. Essência mesmo. Desespero concentrado. Um homem perguntou o que foi, mas quem era ele e o que ele fazia ali antes das seis da manhã? "Estão vindo atrás de mim!" Eu tentei dizer, mas acho que não saiu bem assim, eu não respirava direito. Acho que quando eu começei a gritar ela desistiu, não sei, continuei correndo até o fim da rua, eu não olhei para trás, mas senti que ela não estava mais me seguindo, uma mulher me viu correndo, me perguntou o que havia acontecido e eu disse "quase fui assaltada agora" e ofegava enquanto continuava a correr, perguntei aonde era o ponto de ônibus, ela respondeu. Quando cheguei lá ainda aspirava o ar como se nunca houvesse respirado, e uma outra mulher me perguntou se eu estava passando mal. Disse que quase havia sido assaltada, ela comentou que eu não devia ir até lá, porque era muito perigoso. Eu estava completamente tensa, e quando as pessoas que estavam lá pegaram seus respectivos ônibus eu senti medo por estar ainda mais sozinha. O 260 enfim chegou, depois do que me pareceu uma eternidade. E só então eu começei a pensar nas coisas que eu levava na bolsa. Elas levariam meu Rio Card, levariam minhas chaves e eu não teria como ir pra casa porque a vila so abriria mais tarde e na república as pessoas que moram comigo só chegariam segunda-feira. Levariam o meu celular com todos os meus contatos, meu estojo com os dados do Luiz. A chave que abre o armário do trabalho também. Levariam meu cartão do banco, meus óculos escuros e minha agenda, mas não que eu estivesse ligando muito para nada disso, eu só queria me sentir segura de novo, parar de ter medo. Indo para as barcas um homem tropeçou ao meu lado, e eu por reflexo segurei a bolsa e me afastei para o lado, como um bicho-do-mato mesmo. Arisca. Eu me perguntava quando esse medo ia passar. Queria falar com a minha mãe. Lembro que quando era criança, antes mesmo de nos mudarmos do Rio meu pai me perguntou o que eu faria se viesse alguém na minha direção me fazer mal. Eu lembro de responder "dou um chute no saco!" Ele falava, decepcionado: "Não! ...Você corre, se você correr, ninguém nunca vai te pegar" e eu, contrariada porque não dera a resposta que ele queria completava, "tá bom, mas antes de correr eu dou um chute no saco!" Ele então aprovava. Eu nunca pensei que poderia me sentir tão vulnerável, tão mortal. Pensava que meu pais sempre me protegeriam. Cheguei em Niterói, e ainda sentia como se todas as pessoas em volta fossem me atacar subitamente. Tinha que ir ao banco. Havia duas mulheres sentadas nos degraus do Banco Real da praça do Rinque, e é claro que em vez de ir ao banco eu entrei na padaria. Pedi um suco de laranja que eu não queria tomar, mas ainda eram 7 horas e o curso só abriria às quinze para as oito. Logo chegou a Luciana na padaria também. Ela trabalha comigo e foi a primeira pessoa a saber do que <em>quase</em> aconteceu comigo. Ela me abraçou e ouviu. Ela já foi assaltada, mas teve menos sorte, o homem que a assaltou deu um soco no rosto dela. Eu já sabia dessa história, e sabia que era muito pior do que a minha. E depois de alguns minutos estávamos rindo das situações. Acho que isso só deve acontecer aqui no Brasil. Levamos tudo de um jeito tão leve, a violência nos é tão comum que rimos dela. Ter medo tornou-se corriqueiro, rotina, banal. Acho que a Saci-(minha amiga que me ajuda a perceber o que é normal e o que é coisa de brasileiro) nunca riria numa situação dessas. A Saci (lê-se: "shótsi") é Húngara, então para ela é mais fácil visualizar esses fenômenos culturais. Enfim, pensei um pouco nisso e fiquei um pouco chateada quando minha prima riu quando eu disse que gritei desesperada pela rua. Mas é compreensível. Afinal, não aconteceu nada. Pelo lado Polyanna-visualizando o lado positivo- fiquei feliz porque eu reagi e não congelei como sempre pensara que faria numa situação de perigo, fiquei feliz porque a voz saiu quando pensei que não sairia, e também porque agora tenho certeza que se ela viesse me agredir eu saberia me defender. Me defenderia como me ensinou o Mestre Murilo. No taekwondo há uma filosofia de nunca recuar perante o inimigo, o que é exatamente o oposto do que eu fiz, mas acho que foi a melhor solução... </span></div><div align="justify"><span style="font-family:arial;color:#999999;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:arial;color:#999999;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:arial;color:#999999;">Este relato é todo verídico, incluindo o sonho, e tudo aconteceu esta manhã. Agradeço a Deus por ter me dado a adrenalina necessária para correr tanto, a voz pra gritar igual a uma louca, e a maturidade para entender que isso foi um aprendizado, pois eu não vou mais pegar o 232 e vou passar a ser mais alerta, e dividir minhas coisas em vários bolsos. Além de usar menos relógio. E saber que há pessoas passando por coisas piores do que eu, que vão além da minha compreensão, como aquele olhar da mulher que queria tanto ver as horas no meu relógio. Era um olhar de malícia, de um mundo que eu não conheço, que não é "a minha realidade". Chamei-a de mulher o tempo todo, e pode parecer que ela é bem mais velha do que eu, mas ela deve ter mais ou menos 25 anos. Pensei muito nesse conceito de realidade. Do que é real para mim e não é real para ela. As coisas que ela não levou de mim. Que não são realidade. As coisas que ela não teve, e penso que eu queria, mas queria mesmo, que ela pudesse ter tudo o que eu tenho, e não fosse real para ela a vontade de tirar qualquer coisa de alguém. Queria que não fosse real para mim sentir tanto medo, e para ela causar tanto medo. É difícil entender, mas acho que ela não vê as coisas como eu vejo, ela não teve a oportunidade e nenhum incentivo para pensar um dia ser capaz de comprar o próprio relógio. A realidade é desigual, e está extremamente ligada à relatividade. Pensemos no certo ou errado e nas realidades relativas. É errado que ela queira roubar o meu relógio. Mas também é errado que ela não tenha condições de comprar um. É errado que eu tenha um e ela não. Estou falando de distribuição de renda, de desigualdade social, dessa nossa ideologia burguesa de que não há lugar para todos, de que temos sorte, de que ser pobre é carma e de que não há oportunidades, o que gera inveja e frustração. Vejo que haveria oportunidade se soubéssemos partilhar. Fecho o post então com uma pergunta: A culpa é de quem?</span></div>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-61372886894563689702010-04-10T18:39:00.003-03:002013-05-31T22:37:47.841-03:00Joana<div align="justify">
<span style="color: #ff6666; font-family: trebuchet ms;">Ela queria porque queria. Escreveu um poema sobre si, sobre o outro e tudo o que havia acontecido entre eles. Li o poema e sorri calado. Me incomodava, mas era pouco. Não sei se me apaixonei por ela ou pelos poemas, acho que foram os versos declamados saídos de sua boca volumosa e sorridente, dizendo coisas de sexo e beleza, os olhos doce-de-leite brilhantes, cor de âmbar e sempre espertos sorriam amores passados e orgulho dos seus versos.</span><br />
<span style="color: #ff6666; font-family: trebuchet ms;"><br /></span>
<span style="color: #ff6666; font-family: trebuchet ms;">A amei quando começou a declamar em público. E Joana não cabia em si, não se pertencia, pertencia a eles. A todos nós. A personalidade geralmente forte sucumbia aos elogios em sorrisos mudos. Um homem havia chorado por um poema, chorara por ela e agora a elogiava. Ela era um dos poetas mais respeitados do evento. Lembro de uma vez em que nos amamos e conversamos despidos de tudo. Ela tinha uma leveza em todas as ações, como se fosse natural, mas Joana era uma atriz. Nunca sabia se deveria acreditar nela. </span><br />
<span style="color: #ff6666; font-family: trebuchet ms;"><br /></span>
<span style="color: #ff6666; font-family: trebuchet ms;">Sei que estava comigo porque queria, como também sei que houve vezes em que ela fingia que aquilo não era nada. Como se nada para ela fosse nada demais. Sempre que falava pouco era porque tinha milhões de pensamentos turvos. Às vezes acho que duvidava de mim. Eu sempre duvidava dela, daqueles olhos doces cheios de promessas que sua boca se negava a fazer. Ela sempre se fazia leve como música. Um dia sentei-me no meio fio da calçada. Era uma manhã fresca, com uma brisa leve e gelada, sentia-me vazio, até começar a ouvir uma canção. A música me preencheu, ainda estava só, mas nunca tão bem, em equilíbrio comigo mesmo. Joana era assim. Me invadia, e eu me fazia feliz ou melancólico conforme o ritmo em que cantava. Me era saudável vê-la feliz. Chorava como uma criança de modo a me desconcertar, desmanchava-se, destruía-me o seu rosto vermelho das lágrimas. As lágrimas e aquela outra coisa que existe no choro, substância invisível, que sufoca o peito, altamente contagiosa para mim. </span><br />
<span style="color: #ff6666; font-family: trebuchet ms;"><br /></span>
<span style="color: #ff6666; font-family: trebuchet ms;">Ela era brisa leve, quando me levava para si. E era tornado. Parecia estar sempre cercada de rapazes e homens interessados, como se farejassem sua essência e desprezassem sua alma. Sempre achei que Joana flertava com o mundo, isso fazia bem para ela.Havia mil coisas que eu queria dizer, ela deitada no meu peito. "Você é especial, sabia?" eu pensava tanto nela, ainda penso. E foi só isso que eu disse. Como muitos homens poderiam ter dito, sem lirismo ou rimas, sem sonoridade, fato cru para quem escrevia poemas. Alguma coisa acontecia comigo. Eu tinha medo dela e de tudo que ela me causava. Essa força que ela tinha sobre o mundo, sobre a minha vontade. Ter força sobre a vontade do outro é infinitamente mais poderoso do que ter controle sobre ele.Não busco uma mulher como as pessoas fazem. Não listo qualidades que estimo, na verdade, isso não me importa, nunca me importou. Veja bem, não estou dizendo que ela não possuía qualidades que admiro, digo que Joana me levou porque me desconcertava. São raras as mulheres que admitem fazer sexo, quantas menos as que admitem gostar dele. E Joana tinha o cheiro da volúpia."Você é especial, sabia?" "É?" Ela disse. E sorriu.</span> </div>
Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-29573758791935921272010-02-25T19:25:00.010-03:002010-03-23T21:44:46.787-03:00O INFINITO<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#66ff99;">Ontem à tarde liguei para minha mãe chorando. Bem, digamos com um belíssimo eufemismo que eu tenho um grau de sensibilidade um tanto elevado. Chorar é bom pra mim porque me coloca no eixo, me equilibra porque eu exalo aquilo que me desconforta. Ela me ajudou, me deu chão, e ficou de ligar depois para ver como eu estava. Quando ela ligou mais tarde, à noite, eu já estava bem mais tranquila. E ela me disse para olhar o meu e-mail. Quem me conhece sabe que eu sou inquieta e curiosa. Começou a falar, agora termine, oras. Ela me contou que foi almoçar com as amigas e quando ela se despediu: "Então tá, gente, é melhor eu ir embora, tá tarde, bla bla bla..." ela ouviu uma belíssima resposta: "Você não vai a lugar nenhum, não antes da gente fazer a nossa tattoo!"</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#66ff99;">Eu senti o meu queixo cair. "SÉRIO???"</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#66ff99;">"Sério?????"</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#66ff99;">"Sério???????????"</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#66ff99;">Era sério.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#66ff99;">"Sério!"</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#66ff99;">Vieram as perguntas clássicas: "fez aonde?" "O que é?" "Doeu?"</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#33cc00;"><span style="color:#66ff99;">Minha mãe fez uma tatuagem. "Pára! Shut up!" Adorei a notícia! Elas tatuaram o infinito. Uma amizade infinita, inabalável, imperecível pelo tempo ou a distância. Hoje abri o e-mail e vi as fotos. Estão ótimas, minha mãe estampa um sorriso que eu não via há muito tempo, elas sofreram com a tatuagem</span> <span style="color:#66ff99;">de dois centímetros, mas estão todas muito felizes. Brinquei com minha mãe, "Tia Cristina vai falar muito de você" e ela: "Ela me perguntou quantos anos eu tinha..." Achei ótimo. Não sei exatamente quantos anos minha mãe tem, mas não importa, minha mãe é infinita. Essa tatuagem me diz muito mais do que amizade. Enquanto o belíssimo oito deitado denota a eternidade, percebo que essa mulher que é tão maravilhosa, que eu amo tanto, é infinita em mim. E com certeza essas mulheres que se admiram e se gostam tanto são como ela. Porque o sentido da vida <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8pTFveJF8wTq85bDOauBS7FLuTXOD0plzFGBOcR-fzOE7cJSnL832cw9IIUOdAT1DtdPpHzcsZkLswoDvgDrrjbb1bgcEhpuh0ojhJ_ti7ojncr6-4aWf6CD7qgXcomR2oB6inbUjpvBO/s1600-h/mom2.jpg"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 203px; FLOAT: right; HEIGHT: 135px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5451994382618432034" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8pTFveJF8wTq85bDOauBS7FLuTXOD0plzFGBOcR-fzOE7cJSnL832cw9IIUOdAT1DtdPpHzcsZkLswoDvgDrrjbb1bgcEhpuh0ojhJ_ti7ojncr6-4aWf6CD7qgXcomR2oB6inbUjpvBO/s320/mom2.jpg" /></a>é amor. E isso é tão óbvio e às vezes tão facilmente esquecido, desejar o bem ao outro, amar não importa o tempo que passe, não importa a distância que se esteja. Amar infinitamente. Por que a vida finda rápido.</div></span></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEyVOuH_0rNVKVvfOeZCdiH9eebwkm8Z_2MAJIVo61eAzt2Ie_mUMYitotBNftC5m7iTxRbsOmuO-DPQ6eFzo7Bk0YVOgYovtsl9tmcOsCRid_wKhfcukGnQPA5dqu1nnv1JGY73E2Mg0K/s1600-h/mom2.jpg"></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#33cc00;"><span style="color:#66ff99;"></span></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#66ff99;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#66ff99;"><br /><p align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEyVOuH_0rNVKVvfOeZCdiH9eebwkm8Z_2MAJIVo61eAzt2Ie_mUMYitotBNftC5m7iTxRbsOmuO-DPQ6eFzo7Bk0YVOgYovtsl9tmcOsCRid_wKhfcukGnQPA5dqu1nnv1JGY73E2Mg0K/s1600-h/mom2.jpg"></a></p></span></div>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-11243164360740454032009-12-29T12:30:00.004-02:002009-12-29T13:25:19.046-02:00Esses dez dias...<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Voltei pra casa para passar esses dez dias. É muito bom estar com minha família. Minha mãe continua a mesma pessoa. Superprotetora, preocupada, sempre me sondando em vez de fazer perguntas diretas. Meu pai está mais distante, inseguro, parece não saber lidar com essa pessoa estranha que eu me tornei. Minha irmã está apaixonada e isso é maravilhoso. Está feliz e leve. Gosto disso. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Não posso pegar sol, piscina ou mar. Fiz uma tatuagem. Minha mãe me sonda, como eu disse, pra saber se esta será a última. Ou pelo menos "a última desse tamanho"... Eu acho que não será a última, mas não tem nem mais espaço pra outra tão grande. Grande e mesmo assim fácil de esconder, e me despertou um desejo agudo de fazer uma bem visível. Minha avó pediu para ver mil vezes. E eu dizendo que mostraria depois, e quando mostrei, foi só pra ela dizer: "Ah, tá... vai ver você arruma um rapaz que não gosta, aí eu quero ver..." Eu ri. O que importa é que eu gosto e quero "arrumar um rapaz" que goste de mim do meu jeito. Além do mais, o rapaz que eu gosto gosta. Ah, por sinal, minha tatuagem é um "peixe na água", e eu só percebi quando uma amiga falou. Uma carpa subindo o rio.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Estava pirando aqui. Sem fazer nada, sentindo falta até de trabalhar. Anteontem foi a gota d'agua. Fui à praia de noite. Falo como se fosse um desafio, mas a verdade é que às vezes os portões nos prendem em casa ou até em nós mesmos, nos pensamentos que nadam para baixo. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Na praia, o vento estava quente sem grudar no rosto, eu e minha irmã sentamos na areia quando ela começou a me contar do namorado novo, falou coisas bonitas, coisa de quem está amando. Uma grande amiga uma vez me disse que você sabe que tem intimidade com uma pessoa quando o silêncio entre vocês não incomoda. Concordo. Meus melhores amigos apreciam comigo o silêncio, o vento, o tudo e o nada. A praia estava ótima, me lembro de pensar que era uma noite perfeita pra um luau. Andei até o mar, minha grande paixão. Sentir a água nos pés. Estava quente. Não fosse a tatuagem teria me jogado no mar. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Pensei nos meus medos, na minha vida tão simples e tão completa. Pensei nos presentes que ganhei até hoje, naqueles sem preço, e concluí que não devo me importar com o desenrolar das coisas, com as conclusões, mas com o caminho. O presente. Agora. Estou muito feliz. Fiz uma pequena prece. Agradeci por tudo. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Interessante como o calendário corta uma fase, um ciclo de nossas vidas, e esse recomeço é uma ótima razão para perseguir o que se quer. Projetos. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">O primeiro passo é saber aonde se quer ir, como a tatuagem de uma amiga minha cita "aponta pra fé e rema". Simples assim. Fazer uma lista de projetos, todos possíveis de conquistar, e ir na direção deles, às vezes parece que eles vem em nossa direção também. Nossos sonhos nos querem tanto quanto os queremos. Só temos de andar até a metade do caminho. Eu gosto de acreditar nisso. Acreditar em mim mesma.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Que venha 2010, e que seja bom.</span></div>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-32568129303821153522009-12-13T13:27:00.006-02:002009-12-13T13:47:03.523-02:00As penas do peixe<span style="color: rgb(255, 102, 0); font-style: italic;font-family:times new roman;" >Hoje minhas escamas brilham</span><br /><span style="color: rgb(255, 102, 0); font-style: italic;font-family:times new roman;" >Tons de laranja, de amarelo e vermelho</span><br /><span style="color: rgb(255, 102, 0); font-style: italic;font-family:times new roman;" ><span style="color: rgb(255, 204, 0);">A</span> <span style="color: rgb(255, 204, 0);">água que desce eu nem sinto</span></span><br /><span style="color: rgb(255, 102, 0); font-style: italic;font-family:times new roman;" >Faz cócegas em mim</span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 102, 0); font-style: italic;font-family:times new roman;" >Minha subida é fácil e me refresca</span><br /><span style="color: rgb(255, 102, 0); font-style: italic;font-family:times new roman;" >Você sabe que eu nunca minto</span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 102, 0); font-style: italic;font-family:times new roman;" >Há peixes como pássaros </span><br /><span style="color: rgb(255, 102, 0); font-style: italic;font-family:times new roman;" >E há pedras contra mim</span><br /><span style="color: rgb(255, 102, 0); font-style: italic;font-family:times new roman;" >As flores caem, são tão belas as flores</span><br /><span style="color: rgb(255, 102, 0); font-style: italic;font-family:times new roman;" >Pássaros voam, eu os ouço cantar</span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 102, 0); font-style: italic;font-family:times new roman;" >Não invejo seu voo</span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 102, 0); font-style: italic;font-family:times new roman;" >Subir o rio</span><br /><span style="color: rgb(255, 102, 0); font-style: italic;font-family:times new roman;" >Ressurgir das cinzas</span><br /><span style="color: rgb(255, 102, 0); font-style: italic;font-family:times new roman;" >Encontrar</span>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-91343950416812423002009-09-28T14:06:00.007-03:002009-10-02T21:25:39.654-03:00Fracassos e Vitórias<div style="text-align: justify; color: rgb(255, 153, 255);">Me pergunto hoje o que seria vencer na vida. Ser emergente? Rico? Respeitado? Famoso?<br />Penso nas pessoas que gritam pelos cantos suas pequenas ou grandes vitórias necessitadas de afirmação: "Eu venci". Penso em como suas vitórias me parecem estáticas, findas, pós linha de chegada. A vitória me parece individual, tudo depende da sua concepção de vitória. Na república em que moro, uma vez tive um colapso nervoso a respeito de limpeza, ao dizer que estava acostumada a viver em um lugar limpo, me responderam: "Depende da sua concepção de limpo." "EXATO!" Eureca! Na minha concepção de mundo não existem níveis de limpeza, a limpeza é completa. Algo está limpo. Existem níveis sim, de sujeira, que variam do sujo ao imundo. Não é uma coisa simétrica. Friso aqui meus limites. Só posso enxergar o que eu conheço. O desconhecido não se reconhece. Contei este episódio já resolvido para ilustrar o termo "concepções".<br />A tal Vitória, que, em português é nome de mulher- sim, a Vitória é feminina e mora no andar de baixo, no térreo- não é a mesma mulher para todos. O que é vitória para você? Me perguntei o que é vencer, na minha vida, para mim, hoje. Penso na tal linha de chegada, mas não tenho nem ideia de quando começarei a vê-la no horizonte. Não há linha. Há pequenas coisas, minhas vitórias são textos que termino de ler para a próxima aula. São listas de supermercado e roupas lavadas. Aulas que terminam, textos que corrijo e recorrijo até devolvê-los teoricamente limpos.<br />Minhas vitórias consistem em dormir cedo. Vencer as aulas de sábado. Falar com meu pais por telefone. Conversar com meus amigos, descobrir coisas que não sabia, que alguém desperta em mim. Sinto informar-lhe, caro leitor, que você não está lendo um texto conclusivo que definirá o que é Vitória, ou o que lhe trará felicidade, porque... adivinhe só: Depende da sua concepção de Vencer. Creio que minha maior vitória, ou segunda maior, depois de lavar minhas roupas no sábado, foi me transformar em uma pessoa da qual sinto orgulho. Saber que eu estou no caminho certo.<br />Tudo aconteceu quando descobri o que eu queria. Meu sonho de criança e pré-adolescente que assiste seriado era morar em república, fazer faculdade, dar aula e não pedir um real para os pais, para finalmente fazer o que queria. Mais ou menos um ano depois que comecei a dar aulas, tive uma experiência incrível, quase religiosa. Estava dando aula de reforço de nível básico, ensinando os pronomes possessivos, e o auxiliar TO DO, quando me veio uma visão paralela à aula. Eu, Luiza, saí da minha perspectiva de Teacher Luiza e me vi Teacher Luiza, com os olhos da sonhadora Luiza em seu mundo de 12 ou 13 anos. Ela me viu -digo ela porque não mais a sou- e sentiu orgulho de mim e de si ao mesmo tempo, porque eu era ambas. "Era isso que eu queria." Nós concluímos. Quisemos muito e fomos em frente.<br />Minha realidade é morar em república, fazer faculdade, dar aula e não pedir um real para os meus pais, para fazer o que eles me pedem com boa vontade.<br />Me lembro que sempre tive inveja dos viajantes, sem raízes, mochila nas costas e pés no mundo. Era isso que eu queria. Juntei minha grana e fiz uma viagem cheia de expectativas, cheia de apoio dos que me amavam, com a mochila nas costas e os pés no mundo. Foi quando vi que foram as raízes que me deram força para crescer em direção ao céu. Minha mãe forte, meu pai equilibrado. Quero a força dela, o equilíbrio dele. São as minhas vitórias. As amo e por isso as romantizo, o mundo que eu vejo é colorido. Não nego o cinza que vejo todos os dias na água da baía de Guanabara. Não o ignoro, mas vejo as cores claras fluorescentes e vitoriosas. Tento fazer o melhor que posso com as cores que tenho. Hoje minhas vitórias são listas de supermercado, já que estou cumprindo um objetivo dentro de outro e dentro de outro, as pequenas vitórias embasam e tornam palpáveis os grandes sonhos.<br />Hoje quero ser forte para ajudar uma amiga, emprestar para ela a força que é de minha mãe, e minha, que não ligo de dividir, porque me sobra e vem de fonte inesgotável. Quero dizer a ela que ela pode contar comigo, definir para mim o que é contar com alguém, que não sei o que é exatamente. Saber que estarei aqui, ser uma raiz. Isso por hoje. Quem sabe qual será a maior vitória do mundo amanhã?</div>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-40466755141601478242009-09-05T11:13:00.006-03:002009-09-05T16:59:25.997-03:00Perversa<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#ffffcc;">Matara a outra. Sentiu o sangue pegajoso entre os dedos. Sentiu e o deixou pingar espesso no carpete. O peito subia e descia, expirando ar exausto e tenso enquanto olhava sua vítima no carpete, sua inimiga. Desonesta, orgulhosa, desagradável, mentirosa, invejosa. Ainda sentia raiva, o punho fechado apertava a faca que parecia completar sua mão. Sempre estivera ali. A morte não era o suficiente, não se sentia vingada. O que faria? Não comeria a carne, não se envenenaria com o sangue daquele monstro.<br />Lembrou-se da sensação de empurrar a faca contra a pele da barriga flácida da outra até que se rompesse numa explosão vermelha e quente. Não sabia que era tão simples assim. A pele era uma coisa frágil afinal. Lembrou-se do sangue de um vermelho impossível a manchar e sujar-lhe as mãos e roupas. Sentiu ódio. Estava contaminada.<br />Sentia nojo até mesmo de apertar sua mão em cumprimento quando necessário. Agora não precisaria mais. Mas ainda não havia terminado. O que faria? Deveria ter planejado, já que não sentia nenhum remorso. Era decidida e livre. Matara por impulso, por inspiração divina. Era seu destino ter aquela víbora morta em seu carpete. Mais um motivo para substituí-lo. Que coisa improvável. Ela já fizera comentários a respeito daquele mesmo carpete. Foi Deus que pôs a faca sobre a mesa da sala. E ela tinha ido pedir um favor. Que descaramento! Pedira sem qualquer inibição por favores que não lhe interessavam. E na sua casa!<br />Oportunista! A criticava por tudo e agora lhe invadia o espaço sagrado que era o lar. Trouxera sua presença, peso e memória a incomodar o seu refúgio. Que audácia! Odiava cada célula do corpo da morta, cada palavra que lhe saíra da boca e que ainda ecoava no silêncio póstumo. Cada segundo que era obrigada a ficar ao seu lado. Ela lhe pedira um favor! Sorriu com a situação absurda.<br />“Preciso de ajuda e não tenho mais ninguém” −É claro que não tinha mais ninguém.<br />“Não.” − E Sorriu com o canto da boca. Sentia-se à vontade para dizer não. Estava em seu território.<br />“Como não?” − Ela começou a se exaltar, era uma descontrolada que ainda desconhecia a palavra de três letras e um acento. Começou com insultos, que as duas trocaram afiadas, e voavam dardos verbais de um lado a outro da sala. Gritaram ofensas e gesticularam ameaças, uma avançou em direção à outra. Duas serpentes, com o peito estufado e o queixo empinado em desafio. A agressão verbal não era suficiente. Sentiam o ódio ferver nas veias e envenenar o sangue. Eram primitivas, animais, eram carne, ódio e osso.<br />Foi com os dentes trincados que pegou a faca e perfurou a mulher que já tinha o corpo encostado ao seu, os braços debatendo-se como se fossem dezenas. A mulher ofegou sugando o ar quando esfaqueada. Estava absurdamente surpresa. Não esperava aquilo, a subestimara como sempre. Assassina!<br />Afundou a faca e sorriu ao observar a outra arregalar os olhos castanho-escuros e morrer aos poucos aos poucos em um silêncio incrédulo. Nunca a ameaçara de morte. Ambas sentiam somente um ódio imensurável e até então inofensivo.<br />Quando ela caiu no carpete, a outra se viu, finalmente, assassina. Mas não sentia isso. Era a vencedora de um duelo. Olhou para a inimiga derrotada e sentiu uma gota de orgulho. Não baixou a cabeça, somente os olhos para mirar a outra e viu o sangue se espalhar. A morte não era necessária, mas lhe trazia paz. Tinha um gosto bom. Sentia-se a livrar o mundo de um mal. Era uma heroína.<br />Sentiu os olhos saírem de foco. Piscou pesadamente, voltando a si. Há quanto tempo ficara ali parada? O sangue secara em suas mãos. Grudara em suas unhas. Sentiu asco.<br />Foi à cozinha e limpou-se com álcool. Pensou em como se livraria do corpo. Cortou o pescoço morno e deixou o resto do sangue escorrer para o carpete que o absorvia sedento. Se livraria dele sem respingos. Uniu forças para levantar a mulher e arrastá-la até o carro. Estava seca em dois sacos de plástico pretos. Um pela cabeça, o outro pelas pernas. Parecia sua árvore de natal no depósito.<br />Dirigiu com calma e responsabilidade até o lugar ideal para ela. No lixão os cabelos, a pele e o carpete queimavam como folhas secas, cobertos de álcool.<br />Voltou para casa cansada. Precisava de um banho, mas antes lavou a faca e a pôs de volta no faqueiro. Especulou sobre o fato de encontrar a faca na sala. Deus − pensou. Fez uma prece e dormiu um sono pesado.<br />Acordou com um telefonema da mãe. Ela perguntava por sua prima. Disse que a vira no dia anterior, que conversaram e depois ela tinha ido embora.<br />“Ela não disse aonde ia?”<br />“Não.”<br />“Estamos todos muito preocupados.”<br />“Mãe, se acalme. Deus sabe o que faz.”<br />“Não, você não está entendendo!”<br />O marido estava preocupadíssimo com ela, eles descobriram que estava grávida e falava em suicídio. Ela disse que não era o momento e, segundo o marido, estava confusa e desequilibrada Tinham de encontrá-la.<br />“Ela não mencionou nada? Sobre o que vocês conversaram?”<br />“Roupas.”<br />A mãe não respondeu. Ela continuou a falar, menos fria. “Mãe, se eu souber de alguma coisa eu te ligo”. Vou ver o que posso fazer.<br />Estava com sono, e desligou o telefone. A conversa toda parecia surreal. Lembrou-se da imagem de sua prima vazando sangue no carpete. Suicídio? Seria um bem para a humanidade.<br />Levantou-se e foi até a cozinha comer algo. Ficou confusa quando viu que no faqueiro havia duas facas. A sua não havia sido tirada de lá.<br /><br /></span></div>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-286933333824256816.post-7608952275117482032009-07-29T12:50:00.016-03:002009-07-29T14:34:39.151-03:00Diana Grafite<div align="justify"><span style="color:#ccffff;"><em>About:</em> Postando em Português a pedidos. Diana Grafite me ocorreu em 2008. É um dos meus primeiros contos. Eu alugava um quarto em São Gonçalo e estava sozinha no silêncio quando a ideia e as linhas surgiram. A versão original é horrenda e o título não veio assim tão fácil, mas esse até que eu acho sonoro. Depois melhorou, e foi publicado na Revista O Verbo, dos Novos Escritores do Brasil. Hoje, se fosse reescrevê-lo, faria diferente, principalmente o começo, mas agora que já publiquei dá preguiça de mexer de novo. Gosto muito desse conto, apesar de achar que é um dos mais sem-graça d<strong>O Verbo</strong>. Enfim, aqui vai o tal texto. Espero que agrade. Compre o seu exemplar da revista no site: </span><a href="http://www.clubedaleitura.info/"><span style="color:#ccffff;">http://www.clubedaleitura.info/</span></a></div><br /><div align="justify"></div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5363935643092187826" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 310px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjx3t87_PUlRPOLV2QMwRrvbxmwscV8E_p5sxlUe3KKZi9lPjlA4SULw7HmiOFw86I1OxUWS1jmQiDPA6EYmrfZp_-pr3zF6atDRWcugwGgGwm7p9fMVMrEWzc5tLfDASor0vBJU9vhzFEn/s320/diana.jpg" border="0" /><br /><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#ccffff;">Diana Grafite</span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;color:#ccffff;">Começar era simples. Começava sempre pelos olhos: expressivos, claros, acinzentados. Um vislumbre daqueles olhos era o bastante para que ele a quisesse. Depois as sobrancelhas, modeladas, perfeitas... Uma curva ia para baixo e o nariz delicado. Linda. A boca era volumosa e abaixo dela um queixo firme. O maxilar delineava a face geométrica. Vê-la ali era como acariciar seu rosto.<br />Os dedos dele desciam do maxilar pelo pescoço até os ombros. Formas finas, fortes, delicadas. O indicador tocava o ombro e nele crescia uma sombra. Na parte intocada da pele permanecia alvura cintilante. Belos braços se formavam: seguindo desde o ombro até a axila. Um movimento curto e vertical. Depois os seios... Era como tocá-los com as pontas dos dedos... Um capricho e estavam nus. Círculos, círculos... Difícil esquecer deles. Um toque e um traço, o sombreado, e abaixo o umbigo: equilibrada forma na medida certa. Perfeito. Os dedos tocaram mais uma vez a fria pele branca, criando nova sombra. A cintura formou-se e era simples pensar nos quadris e vê-los prontos.<br />As pernas, longas, torneadas, cobertas por um cetim tão grafite que brilhava em prata à meia-luz do quarto. Joelhos, tornozelos, cada parte do corpo era um monumento, feito com imenso capricho. Os dedos do rapaz esfregavam a pele da moça com força, buscando talvez aquecê-la, e maior a força, mais escura a sombra na pele. Ela mirava-o. O olhar lascivo, divertido.<br />O rosto agora, a cabeça... Os cabelos com cachos largos pendentes, a franja desarrumada caindo sobre a testa, como as heroínas usam, e nos olhos, belos cílios compridos para emoldurar as íris tão cinza, tão grafite... Nas orelhas grandes brincos. No pescoço talvez um colar. Talvez não.<br />Estava linda. Estava pronta. Teria um pingente com a lua minguante e com ele um nome divino: Diana. Nascera Diana.<br />Diana o olhava. Os olhos cor grafite o invadiam, uma invasão típica das pessoas sem pudor. Ele sentiu necessidade de vê-la novamente.<br />Envolta em um lençol majestoso digno das esculturas gregas, Diana olharia para um céu que não se podia representar. Os belos ombros não ficariam ocultos. Um cordão com a lua jazeria pênsil da mão de Diana, seus cabelos seguiriam um vento sem cor. Abraçava agora o tecido como que abraçando a si. A expressão era de angústia. Estava perfeita mais uma vez.<br />Eventualmente ela estava nua, de costas para ele sob uma queda d’água, a transparência cairia, clara ao toque das mãos, os cabelos tocariam o ombro esquerdo, virados para frente. Impecável sombreamento na linha das costas. Era um deleite. Diana, Diana, Diana.<br />Imagens de Diana, sempre. Mesmo sem querer, ela aparecia em sua frente, partia dos olhos. Dianas grafite. Ele insistia em tentar dar-lhe profundidade, e a cada imagem Diana era mais real. Havia algo inegavelmente profundo na imagem, na densa Diana que ele ia, aos poucos, conhecendo. Ele não cansava de vê-la e fazê-la surgir. Mais e mais Dianas. Sempre voluptuosas, provocantes, lindas, divinas.<br />Duas Dianas se beijavam, ambas as deusas de olhos fechados. Diana exalava um prazer tenso, desejo irremediável. Calor. A primeira segurava os cabelos para trás, com a certeza de que estava linda, e Diana segurava a nuca da outra, seu beijo era fúria, força. Dianas congeladas no desejo eterno de consumirem-se a si mesmas. Tocavam-se, mas era só, e a dimensão desse toque era restrita.<br />“Mexa-se, Diana!” Ele ansiava por ela, esperava por uma oportunidade de transportá-la para perto de si, e a trazia. Onde quer que ele estivesse, ela poderia acompanhá-lo. Ele era Diana, e Diana seria sempre expressão, seria ele. Ele a unira a si, amaldiçoando a ambos. Criador e criatura. O olhar dele para ela, sempre. Era para isso que ela servia. O olhar dela para ele, porém, proibido pelas leis do universo.<br />Uma imagem, um desejo, o grafite sobre o branco papel e o papel de Diana: existir, ou quase. O toque dele era sincero, assim como dela o não sentir. O olhar era expressivo, e era ele o objeto expresso. Furiosa volúpia em grafite, e nele a falta de cor. Diana, a deusa sobre a folha. Ele se perguntava se ainda era o seu dono. Imagens que eram dele, que eram dela. E ele sentiu falta de quando a deusa era tudo, e esse tudo era o bastante.<br />Amar, desejar Diana era vergonhoso, era inexplicavelmente patético. Nele formou-se amargura, mais por não poder tê-la do que por desejá-la. Amargura necessária para que ela tivesse poder. O poder que a mulher inalcançável retém. O poder de uma deusa. Ele estava em suas lindas mãos. Sabia-se culpado.<br />A pele branca de Diana tornava-se amarelada, havia luz sobre ela, cada vez mais intensa, sua pele se aquecia. E, como todo o homem furioso em frustração, ele sentia prazer em assistir, em vê-la queimar, e o fogo a consumiu, pois algo tinha de fazê-lo. Adeus, Diana.</span></div>Vicentini; Luiza.http://www.blogger.com/profile/14207077827449678125noreply@blogger.com8