terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Esses dez dias...

Voltei pra casa para passar esses dez dias. É muito bom estar com minha família. Minha mãe continua a mesma pessoa. Superprotetora, preocupada, sempre me sondando em vez de fazer perguntas diretas. Meu pai está mais distante, inseguro, parece não saber lidar com essa pessoa estranha que eu me tornei. Minha irmã está apaixonada e isso é maravilhoso. Está feliz e leve. Gosto disso.
Não posso pegar sol, piscina ou mar. Fiz uma tatuagem. Minha mãe me sonda, como eu disse, pra saber se esta será a última. Ou pelo menos "a última desse tamanho"... Eu acho que não será a última, mas não tem nem mais espaço pra outra tão grande. Grande e mesmo assim fácil de esconder, e me despertou um desejo agudo de fazer uma bem visível. Minha avó pediu para ver mil vezes. E eu dizendo que mostraria depois, e quando mostrei, foi só pra ela dizer: "Ah, tá... vai ver você arruma um rapaz que não gosta, aí eu quero ver..." Eu ri. O que importa é que eu gosto e quero "arrumar um rapaz" que goste de mim do meu jeito. Além do mais, o rapaz que eu gosto gosta. Ah, por sinal, minha tatuagem é um "peixe na água", e eu só percebi quando uma amiga falou. Uma carpa subindo o rio.
Estava pirando aqui. Sem fazer nada, sentindo falta até de trabalhar. Anteontem foi a gota d'agua. Fui à praia de noite. Falo como se fosse um desafio, mas a verdade é que às vezes os portões nos prendem em casa ou até em nós mesmos, nos pensamentos que nadam para baixo.
Na praia, o vento estava quente sem grudar no rosto, eu e minha irmã sentamos na areia quando ela começou a me contar do namorado novo, falou coisas bonitas, coisa de quem está amando. Uma grande amiga uma vez me disse que você sabe que tem intimidade com uma pessoa quando o silêncio entre vocês não incomoda. Concordo. Meus melhores amigos apreciam comigo o silêncio, o vento, o tudo e o nada. A praia estava ótima, me lembro de pensar que era uma noite perfeita pra um luau. Andei até o mar, minha grande paixão. Sentir a água nos pés. Estava quente. Não fosse a tatuagem teria me jogado no mar.
Pensei nos meus medos, na minha vida tão simples e tão completa. Pensei nos presentes que ganhei até hoje, naqueles sem preço, e concluí que não devo me importar com o desenrolar das coisas, com as conclusões, mas com o caminho. O presente. Agora. Estou muito feliz. Fiz uma pequena prece. Agradeci por tudo.
Interessante como o calendário corta uma fase, um ciclo de nossas vidas, e esse recomeço é uma ótima razão para perseguir o que se quer. Projetos.
O primeiro passo é saber aonde se quer ir, como a tatuagem de uma amiga minha cita "aponta pra fé e rema". Simples assim. Fazer uma lista de projetos, todos possíveis de conquistar, e ir na direção deles, às vezes parece que eles vem em nossa direção também. Nossos sonhos nos querem tanto quanto os queremos. Só temos de andar até a metade do caminho. Eu gosto de acreditar nisso. Acreditar em mim mesma.
Que venha 2010, e que seja bom.

domingo, 13 de dezembro de 2009

As penas do peixe

Hoje minhas escamas brilham
Tons de laranja, de amarelo e vermelho
A água que desce eu nem sinto
Faz cócegas em mim

Minha subida é fácil e me refresca
Você sabe que eu nunca minto

Há peixes como pássaros
E há pedras contra mim
As flores caem, são tão belas as flores
Pássaros voam, eu os ouço cantar

Não invejo seu voo

Subir o rio
Ressurgir das cinzas
Encontrar