sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Objeto Não Identificado

Eu estava lendo. Ou achava que sim. A cabeça inclinada e os olhos na direção das letras, de alguma forma a minha mente se concentrava em algo que eu não sabia o que era, que meu subconsciente escondia de mim. Foi depois que meus olhos começaram a arder levemente que eu percebi que não pensava em nada, nada que eu pudesse dizer o que era. Um espaço branco. Eu não sabia quanto tempo tinha durado a minha falta de consciência, quanto tempo tinha durado essa inexistência minha no mundo. O que era aquilo? Aquele fenômeno magnífico e incontrolável que me tirava de frequência, que me tirava do mundo enquanto eu estava sozinha. Ausência.
Demorou alguns instantes para que eu voltasse à realidade. Onde eu estava? Meus olhos tinham escorrido por toda a página mas eu só tinha realmente lido o início. Não sabia o que tinha acontecido comigo, para onde eu tinha ido. Eu tinha morrido. Eu tinha sido ausência, falta de consciência entorpecida e não identificável, nem mesmo por mim. Não doeu nada, nem existiu.