terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Esses dez dias...

Voltei pra casa para passar esses dez dias. É muito bom estar com minha família. Minha mãe continua a mesma pessoa. Superprotetora, preocupada, sempre me sondando em vez de fazer perguntas diretas. Meu pai está mais distante, inseguro, parece não saber lidar com essa pessoa estranha que eu me tornei. Minha irmã está apaixonada e isso é maravilhoso. Está feliz e leve. Gosto disso.
Não posso pegar sol, piscina ou mar. Fiz uma tatuagem. Minha mãe me sonda, como eu disse, pra saber se esta será a última. Ou pelo menos "a última desse tamanho"... Eu acho que não será a última, mas não tem nem mais espaço pra outra tão grande. Grande e mesmo assim fácil de esconder, e me despertou um desejo agudo de fazer uma bem visível. Minha avó pediu para ver mil vezes. E eu dizendo que mostraria depois, e quando mostrei, foi só pra ela dizer: "Ah, tá... vai ver você arruma um rapaz que não gosta, aí eu quero ver..." Eu ri. O que importa é que eu gosto e quero "arrumar um rapaz" que goste de mim do meu jeito. Além do mais, o rapaz que eu gosto gosta. Ah, por sinal, minha tatuagem é um "peixe na água", e eu só percebi quando uma amiga falou. Uma carpa subindo o rio.
Estava pirando aqui. Sem fazer nada, sentindo falta até de trabalhar. Anteontem foi a gota d'agua. Fui à praia de noite. Falo como se fosse um desafio, mas a verdade é que às vezes os portões nos prendem em casa ou até em nós mesmos, nos pensamentos que nadam para baixo.
Na praia, o vento estava quente sem grudar no rosto, eu e minha irmã sentamos na areia quando ela começou a me contar do namorado novo, falou coisas bonitas, coisa de quem está amando. Uma grande amiga uma vez me disse que você sabe que tem intimidade com uma pessoa quando o silêncio entre vocês não incomoda. Concordo. Meus melhores amigos apreciam comigo o silêncio, o vento, o tudo e o nada. A praia estava ótima, me lembro de pensar que era uma noite perfeita pra um luau. Andei até o mar, minha grande paixão. Sentir a água nos pés. Estava quente. Não fosse a tatuagem teria me jogado no mar.
Pensei nos meus medos, na minha vida tão simples e tão completa. Pensei nos presentes que ganhei até hoje, naqueles sem preço, e concluí que não devo me importar com o desenrolar das coisas, com as conclusões, mas com o caminho. O presente. Agora. Estou muito feliz. Fiz uma pequena prece. Agradeci por tudo.
Interessante como o calendário corta uma fase, um ciclo de nossas vidas, e esse recomeço é uma ótima razão para perseguir o que se quer. Projetos.
O primeiro passo é saber aonde se quer ir, como a tatuagem de uma amiga minha cita "aponta pra fé e rema". Simples assim. Fazer uma lista de projetos, todos possíveis de conquistar, e ir na direção deles, às vezes parece que eles vem em nossa direção também. Nossos sonhos nos querem tanto quanto os queremos. Só temos de andar até a metade do caminho. Eu gosto de acreditar nisso. Acreditar em mim mesma.
Que venha 2010, e que seja bom.

domingo, 13 de dezembro de 2009

As penas do peixe

Hoje minhas escamas brilham
Tons de laranja, de amarelo e vermelho
A água que desce eu nem sinto
Faz cócegas em mim

Minha subida é fácil e me refresca
Você sabe que eu nunca minto

Há peixes como pássaros
E há pedras contra mim
As flores caem, são tão belas as flores
Pássaros voam, eu os ouço cantar

Não invejo seu voo

Subir o rio
Ressurgir das cinzas
Encontrar

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Fracassos e Vitórias

Me pergunto hoje o que seria vencer na vida. Ser emergente? Rico? Respeitado? Famoso?
Penso nas pessoas que gritam pelos cantos suas pequenas ou grandes vitórias necessitadas de afirmação: "Eu venci". Penso em como suas vitórias me parecem estáticas, findas, pós linha de chegada. A vitória me parece individual, tudo depende da sua concepção de vitória. Na república em que moro, uma vez tive um colapso nervoso a respeito de limpeza, ao dizer que estava acostumada a viver em um lugar limpo, me responderam: "Depende da sua concepção de limpo." "EXATO!" Eureca! Na minha concepção de mundo não existem níveis de limpeza, a limpeza é completa. Algo está limpo. Existem níveis sim, de sujeira, que variam do sujo ao imundo. Não é uma coisa simétrica. Friso aqui meus limites. Só posso enxergar o que eu conheço. O desconhecido não se reconhece. Contei este episódio já resolvido para ilustrar o termo "concepções".
A tal Vitória, que, em português é nome de mulher- sim, a Vitória é feminina e mora no andar de baixo, no térreo- não é a mesma mulher para todos. O que é vitória para você? Me perguntei o que é vencer, na minha vida, para mim, hoje. Penso na tal linha de chegada, mas não tenho nem ideia de quando começarei a vê-la no horizonte. Não há linha. Há pequenas coisas, minhas vitórias são textos que termino de ler para a próxima aula. São listas de supermercado e roupas lavadas. Aulas que terminam, textos que corrijo e recorrijo até devolvê-los teoricamente limpos.
Minhas vitórias consistem em dormir cedo. Vencer as aulas de sábado. Falar com meu pais por telefone. Conversar com meus amigos, descobrir coisas que não sabia, que alguém desperta em mim. Sinto informar-lhe, caro leitor, que você não está lendo um texto conclusivo que definirá o que é Vitória, ou o que lhe trará felicidade, porque... adivinhe só: Depende da sua concepção de Vencer. Creio que minha maior vitória, ou segunda maior, depois de lavar minhas roupas no sábado, foi me transformar em uma pessoa da qual sinto orgulho. Saber que eu estou no caminho certo.
Tudo aconteceu quando descobri o que eu queria. Meu sonho de criança e pré-adolescente que assiste seriado era morar em república, fazer faculdade, dar aula e não pedir um real para os pais, para finalmente fazer o que queria. Mais ou menos um ano depois que comecei a dar aulas, tive uma experiência incrível, quase religiosa. Estava dando aula de reforço de nível básico, ensinando os pronomes possessivos, e o auxiliar TO DO, quando me veio uma visão paralela à aula. Eu, Luiza, saí da minha perspectiva de Teacher Luiza e me vi Teacher Luiza, com os olhos da sonhadora Luiza em seu mundo de 12 ou 13 anos. Ela me viu -digo ela porque não mais a sou- e sentiu orgulho de mim e de si ao mesmo tempo, porque eu era ambas. "Era isso que eu queria." Nós concluímos. Quisemos muito e fomos em frente.
Minha realidade é morar em república, fazer faculdade, dar aula e não pedir um real para os meus pais, para fazer o que eles me pedem com boa vontade.
Me lembro que sempre tive inveja dos viajantes, sem raízes, mochila nas costas e pés no mundo. Era isso que eu queria. Juntei minha grana e fiz uma viagem cheia de expectativas, cheia de apoio dos que me amavam, com a mochila nas costas e os pés no mundo. Foi quando vi que foram as raízes que me deram força para crescer em direção ao céu. Minha mãe forte, meu pai equilibrado. Quero a força dela, o equilíbrio dele. São as minhas vitórias. As amo e por isso as romantizo, o mundo que eu vejo é colorido. Não nego o cinza que vejo todos os dias na água da baía de Guanabara. Não o ignoro, mas vejo as cores claras fluorescentes e vitoriosas. Tento fazer o melhor que posso com as cores que tenho. Hoje minhas vitórias são listas de supermercado, já que estou cumprindo um objetivo dentro de outro e dentro de outro, as pequenas vitórias embasam e tornam palpáveis os grandes sonhos.
Hoje quero ser forte para ajudar uma amiga, emprestar para ela a força que é de minha mãe, e minha, que não ligo de dividir, porque me sobra e vem de fonte inesgotável. Quero dizer a ela que ela pode contar comigo, definir para mim o que é contar com alguém, que não sei o que é exatamente. Saber que estarei aqui, ser uma raiz. Isso por hoje. Quem sabe qual será a maior vitória do mundo amanhã?

sábado, 5 de setembro de 2009

Perversa

Matara a outra. Sentiu o sangue pegajoso entre os dedos. Sentiu e o deixou pingar espesso no carpete. O peito subia e descia, expirando ar exausto e tenso enquanto olhava sua vítima no carpete, sua inimiga. Desonesta, orgulhosa, desagradável, mentirosa, invejosa. Ainda sentia raiva, o punho fechado apertava a faca que parecia completar sua mão. Sempre estivera ali. A morte não era o suficiente, não se sentia vingada. O que faria? Não comeria a carne, não se envenenaria com o sangue daquele monstro.
Lembrou-se da sensação de empurrar a faca contra a pele da barriga flácida da outra até que se rompesse numa explosão vermelha e quente. Não sabia que era tão simples assim. A pele era uma coisa frágil afinal. Lembrou-se do sangue de um vermelho impossível a manchar e sujar-lhe as mãos e roupas. Sentiu ódio. Estava contaminada.
Sentia nojo até mesmo de apertar sua mão em cumprimento quando necessário. Agora não precisaria mais. Mas ainda não havia terminado. O que faria? Deveria ter planejado, já que não sentia nenhum remorso. Era decidida e livre. Matara por impulso, por inspiração divina. Era seu destino ter aquela víbora morta em seu carpete. Mais um motivo para substituí-lo. Que coisa improvável. Ela já fizera comentários a respeito daquele mesmo carpete. Foi Deus que pôs a faca sobre a mesa da sala. E ela tinha ido pedir um favor. Que descaramento! Pedira sem qualquer inibição por favores que não lhe interessavam. E na sua casa!
Oportunista! A criticava por tudo e agora lhe invadia o espaço sagrado que era o lar. Trouxera sua presença, peso e memória a incomodar o seu refúgio. Que audácia! Odiava cada célula do corpo da morta, cada palavra que lhe saíra da boca e que ainda ecoava no silêncio póstumo. Cada segundo que era obrigada a ficar ao seu lado. Ela lhe pedira um favor! Sorriu com a situação absurda.
“Preciso de ajuda e não tenho mais ninguém” −É claro que não tinha mais ninguém.
“Não.” − E Sorriu com o canto da boca. Sentia-se à vontade para dizer não. Estava em seu território.
“Como não?” − Ela começou a se exaltar, era uma descontrolada que ainda desconhecia a palavra de três letras e um acento. Começou com insultos, que as duas trocaram afiadas, e voavam dardos verbais de um lado a outro da sala. Gritaram ofensas e gesticularam ameaças, uma avançou em direção à outra. Duas serpentes, com o peito estufado e o queixo empinado em desafio. A agressão verbal não era suficiente. Sentiam o ódio ferver nas veias e envenenar o sangue. Eram primitivas, animais, eram carne, ódio e osso.
Foi com os dentes trincados que pegou a faca e perfurou a mulher que já tinha o corpo encostado ao seu, os braços debatendo-se como se fossem dezenas. A mulher ofegou sugando o ar quando esfaqueada. Estava absurdamente surpresa. Não esperava aquilo, a subestimara como sempre. Assassina!
Afundou a faca e sorriu ao observar a outra arregalar os olhos castanho-escuros e morrer aos poucos aos poucos em um silêncio incrédulo. Nunca a ameaçara de morte. Ambas sentiam somente um ódio imensurável e até então inofensivo.
Quando ela caiu no carpete, a outra se viu, finalmente, assassina. Mas não sentia isso. Era a vencedora de um duelo. Olhou para a inimiga derrotada e sentiu uma gota de orgulho. Não baixou a cabeça, somente os olhos para mirar a outra e viu o sangue se espalhar. A morte não era necessária, mas lhe trazia paz. Tinha um gosto bom. Sentia-se a livrar o mundo de um mal. Era uma heroína.
Sentiu os olhos saírem de foco. Piscou pesadamente, voltando a si. Há quanto tempo ficara ali parada? O sangue secara em suas mãos. Grudara em suas unhas. Sentiu asco.
Foi à cozinha e limpou-se com álcool. Pensou em como se livraria do corpo. Cortou o pescoço morno e deixou o resto do sangue escorrer para o carpete que o absorvia sedento. Se livraria dele sem respingos. Uniu forças para levantar a mulher e arrastá-la até o carro. Estava seca em dois sacos de plástico pretos. Um pela cabeça, o outro pelas pernas. Parecia sua árvore de natal no depósito.
Dirigiu com calma e responsabilidade até o lugar ideal para ela. No lixão os cabelos, a pele e o carpete queimavam como folhas secas, cobertos de álcool.
Voltou para casa cansada. Precisava de um banho, mas antes lavou a faca e a pôs de volta no faqueiro. Especulou sobre o fato de encontrar a faca na sala. Deus − pensou. Fez uma prece e dormiu um sono pesado.
Acordou com um telefonema da mãe. Ela perguntava por sua prima. Disse que a vira no dia anterior, que conversaram e depois ela tinha ido embora.
“Ela não disse aonde ia?”
“Não.”
“Estamos todos muito preocupados.”
“Mãe, se acalme. Deus sabe o que faz.”
“Não, você não está entendendo!”
O marido estava preocupadíssimo com ela, eles descobriram que estava grávida e falava em suicídio. Ela disse que não era o momento e, segundo o marido, estava confusa e desequilibrada Tinham de encontrá-la.
“Ela não mencionou nada? Sobre o que vocês conversaram?”
“Roupas.”
A mãe não respondeu. Ela continuou a falar, menos fria. “Mãe, se eu souber de alguma coisa eu te ligo”. Vou ver o que posso fazer.
Estava com sono, e desligou o telefone. A conversa toda parecia surreal. Lembrou-se da imagem de sua prima vazando sangue no carpete. Suicídio? Seria um bem para a humanidade.
Levantou-se e foi até a cozinha comer algo. Ficou confusa quando viu que no faqueiro havia duas facas. A sua não havia sido tirada de lá.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Diana Grafite

About: Postando em Português a pedidos. Diana Grafite me ocorreu em 2008. É um dos meus primeiros contos. Eu alugava um quarto em São Gonçalo e estava sozinha no silêncio quando a ideia e as linhas surgiram. A versão original é horrenda e o título não veio assim tão fácil, mas esse até que eu acho sonoro. Depois melhorou, e foi publicado na Revista O Verbo, dos Novos Escritores do Brasil. Hoje, se fosse reescrevê-lo, faria diferente, principalmente o começo, mas agora que já publiquei dá preguiça de mexer de novo. Gosto muito desse conto, apesar de achar que é um dos mais sem-graça dO Verbo. Enfim, aqui vai o tal texto. Espero que agrade. Compre o seu exemplar da revista no site: http://www.clubedaleitura.info/


Diana Grafite

Começar era simples. Começava sempre pelos olhos: expressivos, claros, acinzentados. Um vislumbre daqueles olhos era o bastante para que ele a quisesse. Depois as sobrancelhas, modeladas, perfeitas... Uma curva ia para baixo e o nariz delicado. Linda. A boca era volumosa e abaixo dela um queixo firme. O maxilar delineava a face geométrica. Vê-la ali era como acariciar seu rosto.
Os dedos dele desciam do maxilar pelo pescoço até os ombros. Formas finas, fortes, delicadas. O indicador tocava o ombro e nele crescia uma sombra. Na parte intocada da pele permanecia alvura cintilante. Belos braços se formavam: seguindo desde o ombro até a axila. Um movimento curto e vertical. Depois os seios... Era como tocá-los com as pontas dos dedos... Um capricho e estavam nus. Círculos, círculos... Difícil esquecer deles. Um toque e um traço, o sombreado, e abaixo o umbigo: equilibrada forma na medida certa. Perfeito. Os dedos tocaram mais uma vez a fria pele branca, criando nova sombra. A cintura formou-se e era simples pensar nos quadris e vê-los prontos.
As pernas, longas, torneadas, cobertas por um cetim tão grafite que brilhava em prata à meia-luz do quarto. Joelhos, tornozelos, cada parte do corpo era um monumento, feito com imenso capricho. Os dedos do rapaz esfregavam a pele da moça com força, buscando talvez aquecê-la, e maior a força, mais escura a sombra na pele. Ela mirava-o. O olhar lascivo, divertido.
O rosto agora, a cabeça... Os cabelos com cachos largos pendentes, a franja desarrumada caindo sobre a testa, como as heroínas usam, e nos olhos, belos cílios compridos para emoldurar as íris tão cinza, tão grafite... Nas orelhas grandes brincos. No pescoço talvez um colar. Talvez não.
Estava linda. Estava pronta. Teria um pingente com a lua minguante e com ele um nome divino: Diana. Nascera Diana.
Diana o olhava. Os olhos cor grafite o invadiam, uma invasão típica das pessoas sem pudor. Ele sentiu necessidade de vê-la novamente.
Envolta em um lençol majestoso digno das esculturas gregas, Diana olharia para um céu que não se podia representar. Os belos ombros não ficariam ocultos. Um cordão com a lua jazeria pênsil da mão de Diana, seus cabelos seguiriam um vento sem cor. Abraçava agora o tecido como que abraçando a si. A expressão era de angústia. Estava perfeita mais uma vez.
Eventualmente ela estava nua, de costas para ele sob uma queda d’água, a transparência cairia, clara ao toque das mãos, os cabelos tocariam o ombro esquerdo, virados para frente. Impecável sombreamento na linha das costas. Era um deleite. Diana, Diana, Diana.
Imagens de Diana, sempre. Mesmo sem querer, ela aparecia em sua frente, partia dos olhos. Dianas grafite. Ele insistia em tentar dar-lhe profundidade, e a cada imagem Diana era mais real. Havia algo inegavelmente profundo na imagem, na densa Diana que ele ia, aos poucos, conhecendo. Ele não cansava de vê-la e fazê-la surgir. Mais e mais Dianas. Sempre voluptuosas, provocantes, lindas, divinas.
Duas Dianas se beijavam, ambas as deusas de olhos fechados. Diana exalava um prazer tenso, desejo irremediável. Calor. A primeira segurava os cabelos para trás, com a certeza de que estava linda, e Diana segurava a nuca da outra, seu beijo era fúria, força. Dianas congeladas no desejo eterno de consumirem-se a si mesmas. Tocavam-se, mas era só, e a dimensão desse toque era restrita.
“Mexa-se, Diana!” Ele ansiava por ela, esperava por uma oportunidade de transportá-la para perto de si, e a trazia. Onde quer que ele estivesse, ela poderia acompanhá-lo. Ele era Diana, e Diana seria sempre expressão, seria ele. Ele a unira a si, amaldiçoando a ambos. Criador e criatura. O olhar dele para ela, sempre. Era para isso que ela servia. O olhar dela para ele, porém, proibido pelas leis do universo.
Uma imagem, um desejo, o grafite sobre o branco papel e o papel de Diana: existir, ou quase. O toque dele era sincero, assim como dela o não sentir. O olhar era expressivo, e era ele o objeto expresso. Furiosa volúpia em grafite, e nele a falta de cor. Diana, a deusa sobre a folha. Ele se perguntava se ainda era o seu dono. Imagens que eram dele, que eram dela. E ele sentiu falta de quando a deusa era tudo, e esse tudo era o bastante.
Amar, desejar Diana era vergonhoso, era inexplicavelmente patético. Nele formou-se amargura, mais por não poder tê-la do que por desejá-la. Amargura necessária para que ela tivesse poder. O poder que a mulher inalcançável retém. O poder de uma deusa. Ele estava em suas lindas mãos. Sabia-se culpado.
A pele branca de Diana tornava-se amarelada, havia luz sobre ela, cada vez mais intensa, sua pele se aquecia. E, como todo o homem furioso em frustração, ele sentia prazer em assistir, em vê-la queimar, e o fogo a consumiu, pois algo tinha de fazê-lo. Adeus, Diana.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Presence

She went to the square where they used to meet. It was useless. She saw many people, but he was not there. What's the use, then? It was his smile that she wanted. The silence was killing her. Sometimes his voice spoke in her ear, perhaps she was crazy. She had never felt that way. She looked at herself, inside there was eagerness, urgency. Who was she to cause him anything? Who was she to make him wait? She was alone and felt disgusted by her own unrealistic thinking. For letting herself dream like that. She could take it. The urgency, the absence, those things she could live with, but she couldn't bear the silence...
Henry was discreet, he only came when she was alone. He always looked inside her dark eyes and smiled widely before kissing her. Once he sang to her.
Sometimes he was light, sometimes he acted in a protective way, she loved him in all the ways he had let her. There was no data, she didn't know anything very specific about him, but she had glimpses of his soul when she looked through his eyes. She had that gift. His soul was clear, in shades of blue. Like the Caribbean sea, his spirit was fresh.
Once he had made her a very peculiar resquest. "Describe me"- He said. She knew that it was dangerous, but she tried, after some time, a paragraph came out. "A man stares at the sky looking for something, and when he sees all those stars that never end he smiles, for he knows the world is his, as it is that moment. A warm tear strings down his cheek and it gets cold on his face. He is filled with emotions, but can't help feeling empty."
He was not 'a man', he was the fresh night and the tear, the sky and the stars. After describing she realized how sad the description was... She wanted to complete him, to be the missing part, to knot her fingers through his and make sure he wouldn't cry, or that he wouldn't cry alone.
"I love you"- He said. And she didn't know how to feel. Her love was bigger than she could have imagined, there were no limits, no boundaries, just pure and brutal love. What would she do with that love? That impossible, childish love for Henry, who disappeared now and then, who couldn't love her for being so much. For being perfect. That full-grown love that killed her inside, that made her suffer and write about hope and anticipation.
He was still looking at her. He waited. She was hoping he would come, but wasn't really expecting him. She didn't allow herself to dream that high. And now there was a sharp pain inside her chest as she said "I always..." she tried to go on, but there was no voice, no word capable of expressing it, there was nothing heavier or darker than that selfish emotion, that ambition of keeping Henry close, never letting him go. She didn't say it, because she knew he would leave. Was he testing her? She felt the tears coming. They were heavy, hard to keep inside. She didn't want to ask in vain, she didn't want to pronounce the words, but they escaped. "Don't leave me".
He embraced her. They talked for a while about many things. Anything except emotions. They had fun talking, it didn't have to be so tense, so exhausting to enjoy somebody's company. He made her feel special. He loved her. Maybe even the same way.
Eventually, he left. A little piece of him died every time he did it.
After watching him disappear in the night she spoke, to herself, a bit suicidal, "I love you".

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Aquela quarta-feira

Junho 17, 2009.
Acordei às 5:00. Às 7:00. Às 7:15. 7:20.
Levantei às oito e meia com um pouco de culpa. Tomei banho e lavei o cabelo com o xampu de tangerina com canela. Sensação de atraso. Enquanto eu esperava para pegar a condução - odeio essa palavra: condução. - minha cabeça ia leve em pensamentos simples dos quais não me lembro.
Uma menina de óculos ia passando, atravessava a rua do outro lado do cruzamento. Ela acenou para mim, deu-me um sorriso gratuito inclinando a cabeça para o lado com uma doçura infantil. Percebi que ela tinha síndrome de Down. Ela me chamou ao dobrar os dedos da mão com a palma virada para cima em sua direção. Eu sorri curiosa. Sorri e fiz que não com a cabeça. Que ficaria onde estava, obrigada. “Eu vou até aí então”. Ela veio até mim e me cumprimentou beijando-me as bochechas, eu não parava de sorrir, ela segurou uma mecha do meu cabelo ainda molhado e cheirou, “que delícia”, ela disse. Ela tinha os cabelos pretos lisos na altura dos ombros e sorria simples. Era linda. Depois ela falou que lutava boxe, e que adorava, a mãe vinha logo atrás dela, comentando, alegre. E foram embora em ritmo de quem tem tempo para gastar. E foi um momento tão singelo e delicado que peguei a Kombi e depois o ônibus pensando em escrevê-lo. Depois esqueci dele.
Cheguei ao trabalho não muito disposta à minha aula de meio-dia. Logo a coordenadora disse que iria assistir a minha aula. Ótimo. O nome dela é Alice. Ela reparou em coisas que ninguém havia reparado antes, nem eu. Falou de como eu tenho controle total do que acontece em sala, e que gostou de como eu lidei com um aluno difícil. Um dos mais difíceis que conheço. O nome dele é César. Ele tem suas manias. Alice notou que eu não sou dependente do livro e foi muito delicada ao apontar até mesmo coisas que eu esqueci de fazer. Fiquei um tempo me perguntando como alguém conseguia ser tão amável e doce.
A Cris apareceu lá no trabalho. Cristiane é uma amiga insubstituível que eu tenho, uma das mulheres que eu mais admiro. A tarde passou rápido e comprei duas blusas na Hering. Eu gosto dessa loja.
A aula de 18:30 foi boa. Um aluno chegou tarde. (40 minutos atrasado) e eu não deixei que ele assinasse presença. Ele reclamou de mim. A Mônica me falou. Ela trabalha na coordenação e ficou feliz por eu ter feito isso. Ela é engraçada, a Mônica.
Cheguei em casa e o computador estava ligado, não pude resistir à tentação da internet. Conversei com o Matteo. O Matt é o Matt e pronto. Não tenho muito a dizer sobre ele. Só sei que ele me derrete o coração com palavras bonitas.
Antes de dormir eu li o começo de Água Viva, de Clarice Lispector. Eu a amo. É incrível o que ela faz com as palavras. Essa admiração é estranha. Queria conhecê-la e dizer a ela que eu adoro o que ela escreve, e que a admiro. Pergunto-me se ela gostaria de saber. Ou de ter sabido em vida. Mas Clarice não precisa que eu ame o que ela escreve. O escrever para ela é uma força da natureza, a inspiração a carrega como uma enchente. Ela está à deriva das palavras que nela explodem. Eu escrevo sem parar e em linha, e muitas vezes eu repito palavras que corto na segunda vez que eu leio um texto. Tem um conto meu que eu adorava. Mas mexi tanto nele que acho que morreu. A palavra morre quando perde a essência, e a essência não consiste na verdade, mas na capacidade de se fazer acreditar. A essência é o talento dramático da palavra atriz.
Esse livro dela é um fluxo de pensamentos, queria poder escrever algo assim sem que digam que a estou copiando. Gostei do que ela disse sobre as violetas.
Hoje foi um dia bom. E agora escrevo linha ininterrupta. Pai, vem ler minha pseudo-crônica.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Dreaming Awake

This short story is a piece of a dream. I wrote it in English because it's the closest I can get to a very special person. It should have been written in Italian.

Dreaming Awake

He opened his eyes and felt half-awaken. A quiet numbness was floating over him, it felt good. He was glad. His body was still warm from the blankets and the bed had their bodies' heat on it. He saw her long hair lingering on the pillow, she was still in a silent sleep, he could see her back, completely bare. It was beautiful, the whole picture. He put his face near her and smelled her hair and neck, he couldn't stop smiling. The moment his nose touched her skin she smiled even before opening her eyes. It took a moment for her to understand that she was really there. She had really slept in his arms. Hapinness was bigger than herself. She turned to him and smiled, his face was waiting very close to hers. He had impossible bluish-green eyes, that she thought could see right through her. Kissing was natural, and it happened before they could think of what they were doing. Every second, they were smiling silently. Her heart was light and so was his. For a long time he had waited and imagined that moment, and now it was true, it was the present, and it was better than any of the dreams he had of her. "You're really here", he said, more to himself than to her, "I am" and he kissed her neck and shoulders, they smelled good, is was not a perfume, but a scent, it was the smell of her skin, that touched his. It felt like she was a piece of him. She felt complete when she held him close to her. Now she could do so. "Can I hug you?" She had asked, the day before. "What is hug?" Right. The language barrier... She had opened her arms and put them around him, and held very tight. "Like this" She didn't have to describe, she could show him and that was good. "Any time you want" He said. She had wanted to hug him so many times before and couldn't. "I can hug you." She said, in content disbelief. He didn't ask to touch her hand or to kiss her, he knew he could. And now here they were. On a bed, half asleep, his body over her, one being part of the other. It was more, much more than they expected.

domingo, 31 de maio de 2009

Passageiro

O 3° Lugar do Concurso de Contos do CALET (UERJ) 2008.
Passageiro

Muitos fatores os separavam. Os países, a cor, a cultura. Tudo que os formava individualmente os separava como casal. Um tempo, um momento os unira e o que os mantinha juntos era um amor flutuante. Sem raízes e sem rumo.
Ela sabia que ele não a acompanharia. Que estava no fim.
Dentro de algum lugar próximo e desconhecido havia uma multidão, um turbilhão de acontecimentos. Dentro de tudo que se sente existia uma criança. A menina tinha cabelos cacheados, e estava num vestido rosa de cetim. Um sorriso quase extinto do rosto. Ela caminhava pelos pequenos espaços pelos quais era possível se locomover. Era difícil passar. Tropeçava na multidão movimentada. Esbarrou em um homem alto, de terno cinza, que se virou para ela, confrontando-a.
Ele era velho e tudo em sua aparência, principalmente o olhar, latejava com estável severidade e inteligência. Parecia estar esperando por ela. Parecia ver e medir todas as pessoas ao redor. Tinha olhos que entendiam tudo. Era magro e eterno em sua existência. Saudável, tinha um cavanhaque grisalho e em meio a todos que os rodeavam era impossível ignorá-lo. Ela soube, ao vê-lo, que àquele homem ela teria de ouvir. Ele não disse nada, no entanto. Simplesmente olhou-a, e balançou a cabeça negativamente. “Você acha que eu tenho que ir embora, eu sei.” A menina disse, em voz miúda. Ele a olhou fundo nos olhos até que ela desviasse o olhar. “Você já está indo. Eu te venci.” Não havia rancor ou vitória, ele falava como um fato. A menina corou numa fúria infantilmente genuína. “Eu ainda tô aqui, não tô?” O homem parecia divertido, e com suavidade avaliou-a. “Você teve seu tempo aqui, e aposto que foi divertido para você me criar alguns problemas. Eu sinto muito, mas seu momento acabou”.
Havia um confronto acontecendo do lado de dentro. Podia sentir. Ela concluiu que gostava de amar. O amava tanto. Uma mensagem no celular: “estou com saudades.” Ele pensava nela. Sabia o quanto ela era especial, singular em sua beleza. O afeto entre ambos era óbvio. Suas diferenças, seus contrastes eram uma linha cinza. Ela precisava de atenção. De alguém que iria ligar pra ela, mandar mensagens, e fazer com que ela se sentisse especial a cada segundo, indispensável e amada a todo o momento. Ela precisava disso. Precisava dele presente, ali com ela.
Ele achava que ela queria demais. Coisa de mulher, não? Gostava dela. Gostava que ela fosse vê-lo. Gostava do cheiro dela, do corpo, da presença dela. A voz do outro lado do celular, a foto do outro lado do monitor. As mãos dela nas dele. Branco no preto como eles eram. Gostava de estar nela. Isso doía, não bastava.
Começou a se perguntar se estava sendo irracional. Talvez fosse demais. Era o que ela queria, ela queria e isso deveria ser importante. E não via mal algum em querer mais. Mais afeto, mais atenção, mais dele, mais ele. Ela pedia. Pedira mais de uma vez a ele para deixá-la. “Eu preciso de coisas que você não pode me dar. Você só me ama até onde acha necessário, e é conveniente pra você. Eu me sacrifico por você. Eu me esforço pra estar completamente com você. Você me faz mal nessa leveza que tudo tem pra você. Eu me sinto incompleta. Falta um pedaço de mim que está a centímetros de distância, e ainda sim não posso ter. Então deixa eu te deixar. Me deixa ir.”
Ele não compreendia porque era tão difícil. Ela se machucava tanto... “Eu estou aqui, com você, eu te amo. O que você me pede não faz sentido. Mas se você precisa disso para ficar feliz comigo é isso que eu vou te dar.”
Durava uma semana. Ela sentia algo a se frustrar. “Eu não sei o que estou sentindo direito, mas estou sentindo muito. Está acabando. Está indo embora.” Ela desejava desesperadamente que ele lutasse por ela, por eles. Oscilava entre o pensar e o sentir. Lutar sozinha era impossível.
E naquele turbilhão o senhor ainda observava a menina. Analisava. Ela ainda estava ali. O amor não fazia sentido. “Talvez eu fique um pouco mais”, disse ela. Era uma súplica. Nesse momento a multidão se abria a dar passagem a alguém e entre o velho e a criança postou-se um jovem. Bem ali, no centro de tudo que existia. Usava uma camiseta vermelho-forte, despretensiosa como ele era, mas exibia a luz inegável do que é novo, ele era cercado por uma expectativa, o velho não sabia bem de quê. O rapaz trazia uma singular felicidade. Diferente da menina, que simplesmente estava presente e olhava os próprios pés. O velho expirava razão e seriedade. Parecia desapontado.
Olhou o rapaz até saudá-lo com um sorriso mudo, e enquanto os três se confrontavam, avaliou-o calmamente. A expressão ilegível e cheia de significados. E mesmo ele, tão inteligente, se surpreendeu quando ao voltar os olhos para a menina, viu uma moça de cabelos lisos e curtos. O vestido rosa desbotara-se e o cetim tornara-se algodão. Ela olhava para si. Madura e sem brilho, o movimento natural da multidão foi levando-a devagar para longe dali. Ela sorriu com calma ao ser levada para as periferias do pensamento, onde ninguém mais se agitava.
E o velho acenou com a cabeça para o jovem, retirando-se também, pronto para a próxima batalha.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Girassol


Conto que fiz para minha irmã, dona de uns olhos um tanto particulares... Ainda tem algumas coisas nele que me incomodam, mas não sei muito bem o que. Espero que agrade. Qualquer crítica é bem vinda. Sem exageros, ok? Peguem leve. Abraço.


Girassol

Estavam finalmente juntos. Depois do tempo, o toque era completo, e satisfazia a ambos, como quando se come um doce que se deseja há muito. Olhavam-se e sorriam, estavam ali, e um era do outro. Podiam ser e agir com a certeza e a efemeridade que um momento curto promete. Ousar pela consciência da falta do tempo.
Ele estava com ela, afinal. E a começo. Na praia, sentados sob o sol que queimava a pele, ele segurava-a. As mãos nas costas, como a impedindo de cair, a trinta centímetros da areia. E podia realmente vê-la, ver a cor, sentir o cheiro, o sorriso. Era fácil e era bom.
Os olhos eram iluminados pelo sol. O castanho claro tornava-se alaranjado, quase amarelo, e a íris parecia uma camada de tinta sob uma superfície de vidro. Cores pastosas espalhavam-se envolta da pupila, como tinta a pincelar as pétalas de uma flor, iluminadas por luz solar. As íris de girassol. Linda.
Tinham pouco tempo, e ele se perguntava como esse pouco, esse pequeno tempo era tanto. Curto e intenso, e o momento era ela. Eles.
A imensidão breve os afogaria, talvez por isso pudessem ser o que queriam. Escolheram ser reais. O medo os deu sinceridade, o tempo os fez entregues como eternos se um para o outro. Os poucos dias durariam para sempre, tão breves que poéticos. Um imenso domingo ensolarado.
Antes eram e-mails e telefonemas. E não havia nada como ter o objeto de encanto nos braços. Em mãos. Mesmo que por um momento. A consciência de que era breve tornava tudo mais especial. Limitava a um. Os amantes eram abençoados pela perfeição do momento. Do romântico. Da falta de tempo para enxergar ou mostrar as rachaduras na pele de pedra de Vênus.
O que era real era ilusão: breve, belo, infinito de finito. Uma grande representação, o encanto já não cabendo em si. Felicidade gratuita. Muita.
Queriam estar para sempre. Mas o estar é ação temporária. Presente contínuo, finito. Queria estar para sempre. Claro. No momento em que não havia lugar para nada além do deslumbramento. O vislumbre da perfeição. Deveria ser sempre assim. Pois tudo vale muito mais por não estar sempre presente. Um momento era ela, ele. E a vida que vale a pena é feita de momentos costurados um no outro.
Ele a costurava a si. Talvez por um segundo, talvez para sempre, não se importava com o tempo, mas com o pedaço que ela era. Porque ela era algo. Uma parte. E o encantava com seus olhos furta-cores, talvez por serem castanhos, por serem alaranjados, amarelos, talvez pela mudança contínua que o sol orquestrava, talvez pelo formato de flor. Ele sorriu.
Não sabia para onde iam, e via que ela também não. Preocupavam-se com a paisagem, sem destino prévio. E a paisagem era a de um dia ensolarado, as flores mirando o sol.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Humana


Sentiu alguma coisa. Lera que os preguiçosos sentiam uma vontade estranha de fazer algo, mas não sabiam o quê. Não era vontade de fazer algo, era uma vontade de não fazer nada. Isso a fazia mais ou menos preguiçosa então? Depois dos feriados se sentia assim, um pequeno tempo sem fazer nada e estava convencida a deitar e dormir numa extensão eterna. Hibernar. Talvez acordasse descansada. Talvez não. Talvez seus músculos se atrofiassem e ela ficasse presa na exaustão para sempre. Inércia. Lera também um conto chamado A Primeira Lei de Newton. Lembrava que gostara muito. Mas não era ela. Gostava mais da terceira lei. Ação e Reação.
Se um corpo A aplica uma determinada força em B, receberá deste uma força de mesma intensidade, mesma direção e parava de prestar atenção nesse exato momento... Mesmo o quê, hem? Mesma direção... E sentido oposto...? Não era boa nas exatas, apesar de que não parecia muito complicado. Simples, exato. Mesma intensidade... Sentido Oposto. Não era ladainha da dona da loja de produtos esotéricos, era física agora. Era mais fácil acreditar na física. Lançaria seus planos no universo e isso desencadearia um resultado. Isso tinha a ver com a dona da loja de produtos esotéricos.
Tudo o que ela possuía de diferente e a fazia única e especial estava nos planos que tinha. Os planos eram forças. A impulsionavam para frente. Será que ao projetar força em direção aos seus objetivos eles a empurravam de volta? Mesma força. A contra B. Empate. Inércia? Três leis que se contradiziam, como as leis da robótica no filme?
Empurrou o caderno em que escrevia palavras pesadas. O caderno se moveu. Ação e reação nunca se anulam, agem em corpos distintos. A podia mover B. Não era força, mas corpo. Muitos fatores determinavam o que aconteceria com A e B. Socar uma parede não moveria a parede. A parede devolveria a força. Bem feito. Nunca soque uma parede.
Quanto mais movimento, mais se movimentava. Mais disposição, menos tempo. Queria ler mais livros, estudar mais, dormir um pouco mais. Trabalhava sábado. Que droga trabalhar no sábado. E ouvira: Mas sabia que quando eu morava nos Estados Unidos eu trabalhava todos os dias, sábados, domingos, feriados, em casa... Essa coisa de não trabalhar no sábado é coisa de brasileiro. Curioso. Soltou dos pulmões um breve “hum”. Coisa de brasileiro. Não sei não. Sempre morou no Brasil. Que droga trabalhar no sábado. Que droga morar no Brasil. Isso era um princípio relativo. Tinha a ver com o referencial. Tinha a ver com geografia.
Tempo e espaço. Einstein. Ele tinha cara de louco, Aquele cabelo despenteado, de aspecto sujo a incomodava. Não fazia sentido apostar em teorias que eram tão invisíveis a seus olhos. Preferia teorias mais facilmente comprováveis como a de Edward A. Murphy.
Precisava comprar um incenso.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O nó


Você sente uma dor tão aguda que não cabe em seu âmago, ela toma todo o seu corpo e parece se expandir como uma nuvem. Densa como uma nuvem. Você pensa “escreva a dor”, e escrever não parece fazer o menor sentido, “fodam-se as palavras”. É tudo um teatro, umas palavras bonitas. Nada como sentir a dor, o espatifar de alguma coisa dentro de você que você não sabe o que é. Alguma coisa quebrou. Como um copo pesado que estilhaça em duzentos pedaços que socam o resto do peito. E tudo dói.
O choro pesa como pesam as palavras que escorrem forçosamente para baixo da garganta. Elas caem lentamente se arrastando pelas paredes provavelmente vermelhas que existem na parte de dentro do seu pescoço, depois da sua boca. Você engole e a dor vai pra lá. Respirar incomoda e existir incomoda. A cabeça dói. E você aperta os olhos, os lábios tremem.
Sua aparência deve ser horrível. A dor é feia. Ela sai, está do lado de fora como está por dentro, e palavras voam por sua mente, que merda todas essas palavras. Na sua cabeça Clive Owen te diz que o coração é um punho coberto de sangue. Tão coerente.
Você segura a respiração e essa forma arredondada que parece estar na sua garganta, acha que tem controle sobre ela. Mas ela não vai embora e é difícil entender. E você tampa a boca pro choro não sair, pra não ganir como um cão, para ninguém escutar a sua dor.
É injusto que essa dor exista. Ela existe pra você, é só sua. Tudo que aconteceu em toda a sua vida parece caminhar para esse momento, essa angústia pesada que te deixa com dor de cabeça, de tanto que você se segura pra não chorar, ou não chorar mais do que já chora. O seu corpo chora por inteiro, e você está sozinho. É tudo para você. Você precisa gritar, mas não grita. Não chora. Não gane como um cão, afinal.
Você respira enquanto o seu corpo treme e os seus olhos se inundam de lágrimas que você não convidou. Vai passar. Você ofega sem querer. Se xinga por dentro: “pára, porra! Pára de chorar” e vai passando. O seu peito ainda pesa duas toneladas, sua cabeça ainda dói. Você pensa na dor e alguma coisa sobe de volta a sua garganta, os lábios tremem, mas você os controla. Vai passar. Os olhos cheios de lágrimas. Vai passar. A dor de cabeça, a dor invisível que te aperta o coração, um punho fechado e vermelho o apertando. Você está coberto de sangue, não vê mas sente. O rosto está vermelho, quente com todo aquele sangue. Vai passar.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Rejeição

Estou aqui pensando sobre a rejeição e seu conceito em si. Quando uma criança compete com a outra por atenção, e os pais só fazem ficar furiosos com ambas, quando um homem rejeita uma mulher, quando a mulher não é rejeitada mas assim se sente porque a mulher é o ser que mais sente no universo. Sente demais. Coisa que existe apenas dentro de si. Muitas coisas, principalmente essa tal de rejeição. O amigo que não ligou pra você, saiu com o outro. O homem que te promete o mundo e depois diz que não vai dar, porque tem outros planos. Um órgão transplantado é rejeitado por outros órgãos... O egoísmo é tamanho que é preferível falecer a aceitar... A rejeição de uma mãe por um filho, de um filho pelos pais. Do cachorro pelo novo filhote. De um jovem por um velho. Por um cego. Um analfabeto. Um pobre. Não aceitação. Negação. Não admissão. "Não, aqui você não é aceito." Aqui não. É inexplicável. É inegavelmente presente. Ainda é visível, o que garante a esse sentimento maior credibilidade do que Deus em si.
É complicado. É simples. Podem acreditar que vai sair um conto disso aqui. Ah, se vai!

terça-feira, 14 de abril de 2009

Ilusão

If you love something, set it free. If it comes back to you, it's yours. If it doesn't, it never was. We do not possess anything in this world, least of all other people. We only imagine that we do. Our friends, our lovers, our spouses, even our children are not ours; they belong only to themselves. Possessive and controlling friendships and relationships can be as harmful as neglect.

Se você ama algo, o liberte. Se voltar a você, é seu. Se não, nunca o foi. Não possuímos nada neste mundo, principalmente outras pessoas. Nós somente imaginamos que sim. Nossos amigos, nossos amantes, nossos esposos, até nossos filhos não são nossos; eles pertencem somente a si mesmos. Possuir e controlar amizades e relacionamentos pode ser tão prejudicial quanto a desatenção...


(PROVÉRBIO CHINÊS, CITAÇÃO DE ALISON WILCOKS)

quinta-feira, 19 de março de 2009

Aspecto Cultural

Essa postagem é pra quem fala inglês... Desculpem, mas é a Globalização. Aí vai uma conversa por msn. Uma brasileira e um Árabe, falando de Religião. Divirtam-se!
koko diz:
what;s your religion luiza
Luiza Nerd Wannabe diz:
what is yours?
koko diz:
muslim
Luiza Nerd Wannabe diz:
I don't have exactly a religion, but I believe in God, and I think I believe in Karma
koko diz:
aha
Luiza Nerd Wannabe diz:
How is this religion?
koko diz:
believe in Karma

Luiza Nerd Wannabe diz:
What do you believe?
Luiza Nerd Wannabe diz:
And...
koko diz:
and the proht mohamed
Luiza Nerd Wannabe diz:
What did he say?
Luiza Nerd Wannabe diz:
propeht mohamed
Luiza Nerd Wannabe diz:
*prophet
Luiza Nerd Wannabe diz:
?
Luiza Nerd Wannabe diz:
koko, u there?
koko diz:
wait just seconds
Luiza Nerd Wannabe diz:
ok
koko diz:
luiza
Luiza Nerd Wannabe diz:
Yes..
Luiza Nerd Wannabe diz:
We were talking about religion
koko diz:
i give u a link taking about our prophet mohamed
koko diz:
http://mohammad.islamway.com/?lang=eng
koko diz:
that is
koko diz:
in english
Luiza Nerd Wannabe diz:
okay.. I'll read
koko diz:
read then say to me what's opinion
Luiza Nerd Wannabe diz:
You call God allah?
Luiza Nerd Wannabe diz:
I think the same God has many names
Luiza Nerd Wannabe diz:
what do u think?
koko diz:
yea W believe with taw7eed
koko diz:
allah is the only GOD
Luiza Nerd Wannabe diz:
Yes
Luiza Nerd Wannabe diz:
What do you think Allah wants from the human kind?
koko diz:
PRAYING
Luiza Nerd Wannabe diz:
and what else?
koko diz:
ALLAH created all human to praying and beleive that is la elah ela ALLAH AND MOHAMED RASOUL allah
Luiza Nerd Wannabe diz:
?
Luiza Nerd Wannabe diz:
I dont understand elah ela allah rasoul?
koko diz:
rasoul= prophet

go away , i have already enough friends está na conversa.

koko diz:
elaa with us
koko diz:
u r welcome
go away , i have already enough friends diz:
thx
go away , i have already enough friends diz:

koko diz:
luiza asked about prpophet mohamed
go away , i have already enough friends diz:
ok luiza
go away , i have already enough friends diz:
but i can't speak untill u be with us
go away , i have already enough friends diz:
if ur busy
go away , i have already enough friends diz:
postpone tht to another time
koko diz:
i send that link to luiza
koko diz:
http://mohammad.islamway.com/?lang=eng
go away , i have already enough friends diz:
coz i wanna ur attention
Luiza Nerd Wannabe diz:
I want to understand
go away , i have already enough friends diz:
ok
go away , i have already enough friends diz:
ur available now ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
yes
go away , i have already enough friends diz:
ok
go away , i have already enough friends diz:
want to know wat ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
I want to know what Allah expects from me
Luiza Nerd Wannabe diz:
and you
Luiza Nerd Wannabe diz:
and all people
go away , i have already enough friends diz:
ok luiza there is one god in all over the worl
go away , i have already enough friends diz:
there is no one else
Luiza Nerd Wannabe diz:
I think that too
Luiza Nerd Wannabe diz:
I think people believe in the same God, but they call Him by different names
go away , i have already enough friends diz:
noooooooo
go away , i have already enough friends diz:
allah only the god
koko diz:
no ALLAH
koko diz:
NOT ANOTHER NAME
Luiza Nerd Wannabe diz:
Is Allah Good?
go away , i have already enough friends diz:
there r 99 names of allah but tht in our religion only el islam
go away , i have already enough friends diz:
yes good
Luiza Nerd Wannabe diz:
Does he want human kind to respect each other?
go away , i have already enough friends diz:
great
go away , i have already enough friends diz:
yes
go away , i have already enough friends diz:
if u know our religion well
Luiza Nerd Wannabe diz:
The God we know here wants the same things
go away , i have already enough friends diz:
and we only who worship to allah only the muslims
Luiza Nerd Wannabe diz:
So that is why I think all the world believes in the same God
koko diz:
what about GOD you know luiza
go away , i have already enough friends diz:
u will know wat's the rules to respect each other
Luiza Nerd Wannabe diz:
Not to kill
Luiza Nerd Wannabe diz:
Not to steal
go away , i have already enough friends diz:
yeaaa
go away , i have already enough friends diz:
tht right
Luiza Nerd Wannabe diz:
To help when we can
Luiza Nerd Wannabe diz:
To love
Luiza Nerd Wannabe diz:
To pray
Luiza Nerd Wannabe diz:
To think of others and not only of yourself
koko diz:
yea all these is principles in our islam
Luiza Nerd Wannabe diz:
That is the principle of Kardecism/Espiritismo
Luiza Nerd Wannabe diz:
in Brasil
Luiza Nerd Wannabe diz:
We want peace
Luiza Nerd Wannabe diz:
and respect
Luiza Nerd Wannabe diz:
And i think you want that too, right?
go away , i have already enough friends diz:
ok luiza tell me about his structure , can u ?
go away , i have already enough friends diz:
yes
Luiza Nerd Wannabe diz:
what do you mean by structure?
go away , i have already enough friends diz:
how is he ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
God/Allah?
go away , i have already enough friends diz:
no
go away , i have already enough friends diz:
urs
Luiza Nerd Wannabe diz:
the religion?
koko diz:
planing what it mean what it wan from u
Luiza Nerd Wannabe diz:
God is not a man, not a spirit
go away , i have already enough friends diz:
nooo tell me how is ur god ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
He is creation
go away , i have already enough friends diz:
hmmmmmmm
Luiza Nerd Wannabe diz:
He is nature, and everything that lives on earh
go away , i have already enough friends diz:
ok wanna know his creation
Luiza Nerd Wannabe diz:
*earth
go away , i have already enough friends diz:
hmmmmmm
go away , i have already enough friends diz:
on earth ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
on the planet
go away , i have already enough friends diz:
how u worship him ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
In brasil there is Catholicism...
Luiza Nerd Wannabe diz:
But I don't have a religion, as I told u
Luiza Nerd Wannabe diz:
We also have protestantism
koko diz:
do u know catholic and arthothoic
Luiza Nerd Wannabe diz:
yes, I know many people who are catholic
go away , i have already enough friends diz:
ok but what you do when you need something ? , u must ask ur needs from your god because he is the only one that can answer you.
go away , i have already enough friends diz:
i mean when you are in triouble
go away , i have already enough friends diz:
troule*
go away , i have already enough friends diz:
trouble
Luiza Nerd Wannabe diz:
Oh, yes
Luiza Nerd Wannabe diz:
I think even those who don't believe in God talk to him sometimes
Luiza Nerd Wannabe diz:
When we close our eyes and wish for something
Luiza Nerd Wannabe diz:
I think we are talking to god
go away , i have already enough friends diz:
ok , but what will make him answer you and you are not believing in him
Luiza Nerd Wannabe diz:
Maybe he will answer, maybe he won't.
Luiza Nerd Wannabe diz:
Even if you believe in him, maybe he won't do what you ask
Luiza Nerd Wannabe diz:
He will do what he thinks is best
Luiza Nerd Wannabe diz:
And we must always trust His decision
koko diz:
luiza r u think once to believe of any of these religions which u saw in brazil?
Luiza Nerd Wannabe diz:
I never had a religion
go away , i have already enough friends diz:
ok tell me if he refuse ur pray will he postone it to u ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
I never believed in something completely
go away , i have already enough friends diz:
or replace it to u ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
dont understand
Luiza Nerd Wannabe diz:
postone?
Luiza Nerd Wannabe diz:
replace?:
go away , i have already enough friends diz:
delay
go away , i have already enough friends diz:
postpone
Luiza Nerd Wannabe diz:
oh..
Luiza Nerd Wannabe diz:
I think God wants us to be happy, but I believe it is not him who chooses that
Luiza Nerd Wannabe diz:
I think we choose.. By our actions
go away , i have already enough friends diz:
who ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
As I said.. i believe in karma
Luiza Nerd Wannabe diz:
If we act wrong, we will pay for that
go away , i have already enough friends diz:
by our action ? ok wat's his job now ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
It will come back to us
Luiza Nerd Wannabe diz:
His job is to be that voice inside us who shows the right way
Luiza Nerd Wannabe diz:
and WE choose
Luiza Nerd Wannabe diz:
to listen or not
koko diz:
luiza u say that I think we choose.. By our actions
r u make all that u choose or u have troubles to do that sometimes
go away , i have already enough friends diz:
wait me plz
koko diz:
ok
Luiza Nerd Wannabe diz:
ok
go away , i have already enough friends diz:
back
koko diz:
goahead
go away , i have already enough friends diz:
r u there luiza ?
koko diz:
i want luiza to answe my question

mostafaa está na conversa.

Luiza Nerd Wannabe diz:
yes
go away , i have already enough friends diz:
luiza
go away , i have already enough friends diz:
ma brother mostafa
go away , i have already enough friends diz:

Luiza Nerd Wannabe diz:
hi, mostafa
Luiza Nerd Wannabe diz:
!
Luiza Nerd Wannabe diz:
Mostafaa
mostafaa diz:
hi Luiza
koko diz:
hi mostapha
mostafaa diz:
hi koko
Luiza Nerd Wannabe diz:
Hi!
mostafaa diz:
nice to meet u all
Luiza Nerd Wannabe diz:
You too
Rahem-koko diz:
thx
Rahem-koko diz:
mostapha we talked about ISLAM & PROPHET MOHAMED
Rahem-koko diz:
nice back LUIZA
Luiza Nerd Wannabe diz:
Hii
Luiza Nerd Wannabe diz:
What was that question you had for me?
Alaa diz:
koko
Rahem-koko diz:
luiza u say that I think we choose.. By our actions
r u make all that u choose or u have troubles to do that sometimes

Rahem-koko diz:
YEA
Rahem-koko diz:
am here
Alaa diz:
ok
Luiza Nerd Wannabe diz:
If I have trouble to do the right thing all the time?
Luiza Nerd Wannabe diz:
Is that the question?
Rahem-koko diz:
luiza u say that I think we choose.. By our actions
r u make all that u choose or u have troubles to do that sometimes

Rahem-koko diz:
if u cant make which u choose
Rahem-koko diz:
what u make?
Luiza Nerd Wannabe diz:
I don't understand the question very well
Luiza Nerd Wannabe diz:
What do i do
Luiza Nerd Wannabe diz:
If I can't do what I chose?
Luiza Nerd Wannabe diz:
Give me an example
Rahem-koko diz:
am asked what do u do if u can't what u choose to de
Luiza Nerd Wannabe diz:
What I do..
Luiza Nerd Wannabe diz:
If there is no alternative there is no choice...
Luiza Nerd Wannabe diz:
So you do what seems to be right
Rahem-koko diz:
u close ur eyes and praying then thre's no reply
Rahem-koko diz:
yea
Rahem-koko diz:
ok dear
Rahem-koko diz:
is anyone there
Luiza Nerd Wannabe diz:
There is no reply..
Alaa diz:
luiza
Luiza Nerd Wannabe diz:
But I don't think God will answer to our prayers
Alaa diz:
if ur parents not good
mostafaa diz:
he will answer
Alaa diz:
how will u treat them ?
mostafaa diz:
but in not the way u think
Luiza Nerd Wannabe diz:
Yes.. that is what I think
Luiza Nerd Wannabe diz:
He doesn't answer in a human way
Luiza Nerd Wannabe diz:
It is that feeling we have... When we know what to do...
Luiza Nerd Wannabe diz:
Or sometimes we know what to do but dont have strenght to do so
Rahem-koko diz:
yea right
Luiza Nerd Wannabe diz:
I think God sends people to help us
mostafaa diz:
yes
mostafaa diz:
thats right
mostafaa diz:
and send with these people something very improtant
Luiza Nerd Wannabe diz:
I think the concept of God is basically the same. But You call him Allah, and we say God(Deus, in portuguese)
Rahem-koko diz:
no
Alaa diz:
is the wine is legal or taboo in ur religion ?
Rahem-koko diz:
there is no god except ALLAH
Luiza Nerd Wannabe diz:
wine
Luiza Nerd Wannabe diz:
Wine is legal in our Country
Luiza Nerd Wannabe diz:
Also in our religion
Luiza Nerd Wannabe diz:
But the society doesent see drinking as a good thing
Luiza Nerd Wannabe diz:
Especially Kadercism
mostafaa diz:
but wine brings evils
Luiza Nerd Wannabe diz:
Kardecism defends that too
Alaa diz:
wat Kardecism
Alaa diz:
?
mostafaa diz:
if it forbiden from the god no one will drink it
mostafaa diz:
because some people fears only from the human laws about wine
mostafaa diz:
so when they are alone they drink it
Alaa diz:
u told me tht the god and ur religion say tht it's not forbiden , right ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
I don't have a religion
Luiza Nerd Wannabe diz:
I believe in god
Alaa diz:
ur god
Luiza Nerd Wannabe diz:
And in some "rules"
Alaa diz:
but god without religion ?u know wat's the rules which u believe in it ?
Alaa diz:
tht call religion luiza , but u name it rules
Alaa diz:
u got it or not ?
Rahem-koko diz:
u mean that her believe in many things not areligion i want what we call that
Alaa diz:
these things which she believe in it we call it religion
Alaa diz:
be with me luiza
Alaa diz:
may be u take a walk now
Luiza Nerd Wannabe diz:
?
Alaa diz:
have a good time baby
Luiza Nerd Wannabe diz:
Noo
Luiza Nerd Wannabe diz:
Listen:
Alaa diz:
wat ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
I dont have a religion
Alaa diz:
ok ok
Alaa diz:
i got it
Luiza Nerd Wannabe diz:
Dont go to temples or churches
Alaa diz:
so i said tht
Luiza Nerd Wannabe diz:
But I believe in God
Alaa diz:
and ?
Alaa diz:
some rules
Alaa diz:
right ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
and I think he wants people to respect each other
Luiza Nerd Wannabe diz:
To love, to pray
Alaa diz:
yea tht right ok
Luiza Nerd Wannabe diz:
To help each other
Alaa diz:
be with me
mostafaa diz:
she is with u bro
Alaa diz:
the god said to u to love respect ... etc
Alaa diz:
right ?
Rahem-koko diz:
yea
Rahem-koko diz:
luiza whre r u ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
yes
Luiza Nerd Wannabe diz:
that is right
Alaa diz:
ok wat do u call these ?
Alaa diz:
rules , right ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
these what?
Luiza Nerd Wannabe diz:
the rules?
Alaa diz:
yes
Luiza Nerd Wannabe diz:
I don't know...
Luiza Nerd Wannabe diz:
How do you call it
Luiza Nerd Wannabe diz:
?
Alaa diz:
to love , to respect
Luiza Nerd Wannabe diz:
mandamentos
Alaa diz:
tht religion
Luiza Nerd Wannabe diz:
?
Alaa diz:
the rules which we follow it
Luiza Nerd Wannabe diz:
There are many religions which believe God wants that
Alaa diz:
tht the religion luiza
Luiza Nerd Wannabe diz:
Do you believe in reencanation?
Alaa diz:
wat
Luiza Nerd Wannabe diz:
*reencarnation?
Alaa diz:
?
Luiza Nerd Wannabe diz:
When you die.. what happens?
Alaa diz:
tell me u
Luiza Nerd Wannabe diz:
WITH YOUR SOUL
Luiza Nerd Wannabe diz:
your spirit
Alaa diz:
yes i know
Alaa diz:
tell me u wat do u now about it ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
In catholicism they believe that if you are good you go to heaven
Alaa diz:
nooo
Luiza Nerd Wannabe diz:
if you are bad you go to hell
Alaa diz:
i want wat do u believe
Luiza Nerd Wannabe diz:
In kardecism
Alaa diz:
yes
Luiza Nerd Wannabe diz:
They believe that your spirit gets closer to god
Luiza Nerd Wannabe diz:
And if you are not ready to be there you come back to life
Luiza Nerd Wannabe diz:
in another body
Luiza Nerd Wannabe diz:
To learn
Luiza Nerd Wannabe diz:
More
Alaa diz:
learn more about wat ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
For your spirit to evolve
Alaa diz:
to do good things and return again ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
Learn about life, bEcause only with wisdom you can be a good person and
Luiza Nerd Wannabe diz:
Sometimes
Alaa diz:
ok
Alaa diz:
tht mean tht if u die now
Alaa diz:
and urn't good
Alaa diz:
will turn back to life ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
kind of
mostafaa diz:
her spirit will go to another body and born again with it
Luiza Nerd Wannabe diz:
You will
Luiza Nerd Wannabe diz:
Your spirit will come back to earth
Luiza Nerd Wannabe diz:
YES!!!
Luiza Nerd Wannabe diz:
That's it
Alaa diz:
tell me when and who turn back to life again ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
BECAuse they believe
Luiza Nerd Wannabe diz:
that this world
Luiza Nerd Wannabe diz:
is a place to learn
Luiza Nerd Wannabe diz:
how to be a better person
Alaa diz:
and then ?
mostafaa diz:
r u believe in this too?
Luiza Nerd Wannabe diz:
And when you learn you get closer to God
Alaa diz:
ok then ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
I don't know
Alaa diz:
dun know wat ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
I believe that we pay for what we do wrong
Alaa diz:
at the first i told u to tell me wat do u believe
Alaa diz:
not other
Luiza Nerd Wannabe diz:
I don't know if I believe that we can come back for a new life, without
Alaa diz:
ok
Alaa diz:
y the god creat us ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
remembering
Luiza Nerd Wannabe diz:
YES
Alaa diz:
in ur opinion ? as u said
Luiza Nerd Wannabe diz:
god created us
Luiza Nerd Wannabe diz:
and this world
Alaa diz:
to learn in this life
Luiza Nerd Wannabe diz:
and everything in it
Alaa diz:
why ?
Alaa diz:
why ?
Alaa diz:
to learn in this world ?
Alaa diz:

Luiza Nerd Wannabe diz:
yes[
Rahem-koko diz:
as she said to become closer to GOD
Luiza Nerd Wannabe diz:
to learn
Luiza Nerd Wannabe diz:
we are here to live and do our best
Alaa diz:
live and do the best ? for ex ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
It is a challenge to think of others
Luiza Nerd Wannabe diz:
not only in yourself
Luiza Nerd Wannabe diz:
Be a good person... as God made us capable of
Luiza Nerd Wannabe diz:
Do you believe in the Devil?
mostafaa diz:
yeah
Alaa diz:
yes
Luiza Nerd Wannabe diz:
yeah??
Alaa diz:
who creat him ?
Luiza Nerd Wannabe diz:
How is he?
Luiza Nerd Wannabe diz:
catholicism thinks that the Devil was an angel
mostafaa diz:
no
Rahem-koko diz:

mostafaa diz:
in Islam he was not
Luiza Nerd Wannabe diz:
and he wanted to be greater than God
Luiza Nerd Wannabe diz:
So, he turned against him
Luiza Nerd Wannabe diz:
I don't believe that
Luiza Nerd Wannabe diz:
I..
mostafaa diz:
let me tell u the story of the devil in Islam
Luiza Nerd Wannabe diz:
tell me
mostafaa diz:
and forgave my bad english...

____________________________________

quinta-feira, 5 de março de 2009

Das relações de poder

Incrível, não é? Mesmo em um espaço livre, as pessoas gostam de hierarquia, precisam dela. Entrei em uma comunidade bem "legal" do Orkut, o nome é Novos Escritores do Brasil. Um lugar para amadores, como nós, pensarem-se escritores e submeterem os textos a críticas e elogios daqueles que já possuem algum tipo de poder e influência em determinado grupo social. Assim que li o primeiro conto na comunidade, que era bem simplório, vi um elogio fora de lugar, de alguém que não parecia saber do que estava falando, vamos dizer que era uma mulher chamada Clau. Talvez Clau só quisesse fazer amigos ao elogiar tudo o que lhe botassem na fuça. Depois do elogio havia uma crítica, um tanto dolorosa, mas sincera de um homem. Vamos chamá-lo de Robson. Logo depois da crítica de Robson, havia outro comentário de Clau, falando que ela tinha gostado do trecho, mas que Robson tinha muita experiência e etc... E cercou-o de um puxasaquismo descomedido e desnecessário. Continuei a participar da comunidade, dando minhas opiniões mas sem submeter meus textos a críticas. Não tenho medo de críticas. Tenho um arrogante medo de plágio. Mas... Continuemos, fui percebendo que Robson realmente entende de literatura e escreve brilhantemente, de uma forma confusa e um tanto elitista. Ele afirma sua posição como entendedor de literatura e todos o respeitam. Existem outros membros da comunidade que possuem uma certa posição de poder, e não muito estranhamente, eles quase sempre concordam. Robson viu meus comentários na comunidade e me adicionou. Me senti importante. Fora aprovado por uma pessoa influente. Ele elogiou minha participação na comunidade e tudo o mais. A questão é o porquê disso ser tão importante. Aprovação. Aceitação. A palavra final. E eu me pego preocupado com o fato de que eu também me pego a buscar um reconhecimento, uma validez nessas relações. Comportamento humano. Não possuo esse conhecimento de psicologia, mas que é curioso é.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Objeto Não Identificado

Eu estava lendo. Ou achava que sim. A cabeça inclinada e os olhos na direção das letras, de alguma forma a minha mente se concentrava em algo que eu não sabia o que era, que meu subconsciente escondia de mim. Foi depois que meus olhos começaram a arder levemente que eu percebi que não pensava em nada, nada que eu pudesse dizer o que era. Um espaço branco. Eu não sabia quanto tempo tinha durado a minha falta de consciência, quanto tempo tinha durado essa inexistência minha no mundo. O que era aquilo? Aquele fenômeno magnífico e incontrolável que me tirava de frequência, que me tirava do mundo enquanto eu estava sozinha. Ausência.
Demorou alguns instantes para que eu voltasse à realidade. Onde eu estava? Meus olhos tinham escorrido por toda a página mas eu só tinha realmente lido o início. Não sabia o que tinha acontecido comigo, para onde eu tinha ido. Eu tinha morrido. Eu tinha sido ausência, falta de consciência entorpecida e não identificável, nem mesmo por mim. Não doeu nada, nem existiu.

domingo, 11 de janeiro de 2009

idêntico

Espelhos pra ela se ver
venta o tempo
vazio dentro
espelhos pra ela se ver...
o sorriso congelado
em silêncio
espelhos pra ela ser...

domingo, 4 de janeiro de 2009

Escrevendo poesia: Negação Total

uma parte dela doía,
uma parte que ela nem sabia
existir dentro do peito
e do lado esquerdo
ficou um estreito
buraco.