Me pergunto hoje o que seria vencer na vida. Ser emergente? Rico? Respeitado? Famoso?
Penso nas pessoas que gritam pelos cantos suas pequenas ou grandes vitórias necessitadas de afirmação: "Eu venci". Penso em como suas vitórias me parecem estáticas, findas, pós linha de chegada. A vitória me parece individual, tudo depende da sua concepção de vitória. Na república em que moro, uma vez tive um colapso nervoso a respeito de limpeza, ao dizer que estava acostumada a viver em um lugar limpo, me responderam: "Depende da sua concepção de limpo." "EXATO!" Eureca! Na minha concepção de mundo não existem níveis de limpeza, a limpeza é completa. Algo está limpo. Existem níveis sim, de sujeira, que variam do sujo ao imundo. Não é uma coisa simétrica. Friso aqui meus limites. Só posso enxergar o que eu conheço. O desconhecido não se reconhece. Contei este episódio já resolvido para ilustrar o termo "concepções".
A tal Vitória, que, em português é nome de mulher- sim, a Vitória é feminina e mora no andar de baixo, no térreo- não é a mesma mulher para todos. O que é vitória para você? Me perguntei o que é vencer, na minha vida, para mim, hoje. Penso na tal linha de chegada, mas não tenho nem ideia de quando começarei a vê-la no horizonte. Não há linha. Há pequenas coisas, minhas vitórias são textos que termino de ler para a próxima aula. São listas de supermercado e roupas lavadas. Aulas que terminam, textos que corrijo e recorrijo até devolvê-los teoricamente limpos.
Minhas vitórias consistem em dormir cedo. Vencer as aulas de sábado. Falar com meu pais por telefone. Conversar com meus amigos, descobrir coisas que não sabia, que alguém desperta em mim. Sinto informar-lhe, caro leitor, que você não está lendo um texto conclusivo que definirá o que é Vitória, ou o que lhe trará felicidade, porque... adivinhe só: Depende da sua concepção de Vencer. Creio que minha maior vitória, ou segunda maior, depois de lavar minhas roupas no sábado, foi me transformar em uma pessoa da qual sinto orgulho. Saber que eu estou no caminho certo.
Tudo aconteceu quando descobri o que eu queria. Meu sonho de criança e pré-adolescente que assiste seriado era morar em república, fazer faculdade, dar aula e não pedir um real para os pais, para finalmente fazer o que queria. Mais ou menos um ano depois que comecei a dar aulas, tive uma experiência incrível, quase religiosa. Estava dando aula de reforço de nível básico, ensinando os pronomes possessivos, e o auxiliar TO DO, quando me veio uma visão paralela à aula. Eu, Luiza, saí da minha perspectiva de Teacher Luiza e me vi Teacher Luiza, com os olhos da sonhadora Luiza em seu mundo de 12 ou 13 anos. Ela me viu -digo ela porque não mais a sou- e sentiu orgulho de mim e de si ao mesmo tempo, porque eu era ambas. "Era isso que eu queria." Nós concluímos. Quisemos muito e fomos em frente.
Minha realidade é morar em república, fazer faculdade, dar aula e não pedir um real para os meus pais, para fazer o que eles me pedem com boa vontade.
Me lembro que sempre tive inveja dos viajantes, sem raízes, mochila nas costas e pés no mundo. Era isso que eu queria. Juntei minha grana e fiz uma viagem cheia de expectativas, cheia de apoio dos que me amavam, com a mochila nas costas e os pés no mundo. Foi quando vi que foram as raízes que me deram força para crescer em direção ao céu. Minha mãe forte, meu pai equilibrado. Quero a força dela, o equilíbrio dele. São as minhas vitórias. As amo e por isso as romantizo, o mundo que eu vejo é colorido. Não nego o cinza que vejo todos os dias na água da baía de Guanabara. Não o ignoro, mas vejo as cores claras fluorescentes e vitoriosas. Tento fazer o melhor que posso com as cores que tenho. Hoje minhas vitórias são listas de supermercado, já que estou cumprindo um objetivo dentro de outro e dentro de outro, as pequenas vitórias embasam e tornam palpáveis os grandes sonhos.
Hoje quero ser forte para ajudar uma amiga, emprestar para ela a força que é de minha mãe, e minha, que não ligo de dividir, porque me sobra e vem de fonte inesgotável. Quero dizer a ela que ela pode contar comigo, definir para mim o que é contar com alguém, que não sei o que é exatamente. Saber que estarei aqui, ser uma raiz. Isso por hoje. Quem sabe qual será a maior vitória do mundo amanhã?
Penso nas pessoas que gritam pelos cantos suas pequenas ou grandes vitórias necessitadas de afirmação: "Eu venci". Penso em como suas vitórias me parecem estáticas, findas, pós linha de chegada. A vitória me parece individual, tudo depende da sua concepção de vitória. Na república em que moro, uma vez tive um colapso nervoso a respeito de limpeza, ao dizer que estava acostumada a viver em um lugar limpo, me responderam: "Depende da sua concepção de limpo." "EXATO!" Eureca! Na minha concepção de mundo não existem níveis de limpeza, a limpeza é completa. Algo está limpo. Existem níveis sim, de sujeira, que variam do sujo ao imundo. Não é uma coisa simétrica. Friso aqui meus limites. Só posso enxergar o que eu conheço. O desconhecido não se reconhece. Contei este episódio já resolvido para ilustrar o termo "concepções".
A tal Vitória, que, em português é nome de mulher- sim, a Vitória é feminina e mora no andar de baixo, no térreo- não é a mesma mulher para todos. O que é vitória para você? Me perguntei o que é vencer, na minha vida, para mim, hoje. Penso na tal linha de chegada, mas não tenho nem ideia de quando começarei a vê-la no horizonte. Não há linha. Há pequenas coisas, minhas vitórias são textos que termino de ler para a próxima aula. São listas de supermercado e roupas lavadas. Aulas que terminam, textos que corrijo e recorrijo até devolvê-los teoricamente limpos.
Minhas vitórias consistem em dormir cedo. Vencer as aulas de sábado. Falar com meu pais por telefone. Conversar com meus amigos, descobrir coisas que não sabia, que alguém desperta em mim. Sinto informar-lhe, caro leitor, que você não está lendo um texto conclusivo que definirá o que é Vitória, ou o que lhe trará felicidade, porque... adivinhe só: Depende da sua concepção de Vencer. Creio que minha maior vitória, ou segunda maior, depois de lavar minhas roupas no sábado, foi me transformar em uma pessoa da qual sinto orgulho. Saber que eu estou no caminho certo.
Tudo aconteceu quando descobri o que eu queria. Meu sonho de criança e pré-adolescente que assiste seriado era morar em república, fazer faculdade, dar aula e não pedir um real para os pais, para finalmente fazer o que queria. Mais ou menos um ano depois que comecei a dar aulas, tive uma experiência incrível, quase religiosa. Estava dando aula de reforço de nível básico, ensinando os pronomes possessivos, e o auxiliar TO DO, quando me veio uma visão paralela à aula. Eu, Luiza, saí da minha perspectiva de Teacher Luiza e me vi Teacher Luiza, com os olhos da sonhadora Luiza em seu mundo de 12 ou 13 anos. Ela me viu -digo ela porque não mais a sou- e sentiu orgulho de mim e de si ao mesmo tempo, porque eu era ambas. "Era isso que eu queria." Nós concluímos. Quisemos muito e fomos em frente.
Minha realidade é morar em república, fazer faculdade, dar aula e não pedir um real para os meus pais, para fazer o que eles me pedem com boa vontade.
Me lembro que sempre tive inveja dos viajantes, sem raízes, mochila nas costas e pés no mundo. Era isso que eu queria. Juntei minha grana e fiz uma viagem cheia de expectativas, cheia de apoio dos que me amavam, com a mochila nas costas e os pés no mundo. Foi quando vi que foram as raízes que me deram força para crescer em direção ao céu. Minha mãe forte, meu pai equilibrado. Quero a força dela, o equilíbrio dele. São as minhas vitórias. As amo e por isso as romantizo, o mundo que eu vejo é colorido. Não nego o cinza que vejo todos os dias na água da baía de Guanabara. Não o ignoro, mas vejo as cores claras fluorescentes e vitoriosas. Tento fazer o melhor que posso com as cores que tenho. Hoje minhas vitórias são listas de supermercado, já que estou cumprindo um objetivo dentro de outro e dentro de outro, as pequenas vitórias embasam e tornam palpáveis os grandes sonhos.
Hoje quero ser forte para ajudar uma amiga, emprestar para ela a força que é de minha mãe, e minha, que não ligo de dividir, porque me sobra e vem de fonte inesgotável. Quero dizer a ela que ela pode contar comigo, definir para mim o que é contar com alguém, que não sei o que é exatamente. Saber que estarei aqui, ser uma raiz. Isso por hoje. Quem sabe qual será a maior vitória do mundo amanhã?