Sabe, a leitura sempre me fez bem, e escrever é um grande exercício. Como diria meu grande amigo Guilherme Lopes, escrever é extrair algum efeito estético da feiúra dos nossos dias, note que estou parafraseando... Mas meus dias não são feios. Eles começam escuros às cinco da manhã quando acordo, rendem nas minhas manhãs em Niterói no trabalho, esquentam durante a tarde no sol implacável de São Gonça, descansam à noite, quando eu penso mais claramente. Sou noite.
Escrevo quando dá tempo e quando as palavras já se rebelam dentro de mim. Às vezes sinto vergonha porque o que eu escrevo é meu. Meu idioma, minha forma de juntar as palavras em sentenças e essas sempre em textos curtos. Sempre curtos. Um grande prazer é pegar um texto como Joana, por exemplo, não me reconhecer ali, ler frases que me agradam e pensar, "nossa, mas como isso soa bem, fui eu mesma que escrevi?" Claro que o texto me agrada. Ele fala minha língua.
Melhor ainda é ler textos como os de Gui Lopes, Raquel Fernandes, Thamiris Oliveira e pensar: "mas que coisa linda! Também eles falam a minha língua. Sentem o mundo como eu."
É importante cuidar de nossos textos, corrigi-los, como guardar brinquedos para que durem mais. Para que não percam o brilho. Aqui cito Sra. Fernandes, 2010. É importante escrever para nossos amigos, com o mesmo esmero que se faz um texto, com o mesmo carinho que se guarda o melhor brinquedo.
Faz tempo que quero escrever para meus amigos uma grande carta de agradecimento, por me fazerem lembrar o que existe de bom em mim. Eles me escrevem cartas. Eles me dão abraços, me perguntam sobre minhas angústias. Eles bebem comigo.
Obrigada, amigos.